Sargento Mauro Batista dos Santos, 43, deixa mulher e uma filhaReprodução

Rio - Um sargento da Polícia Militar morreu, na manhã deste domingo (7), após ser baleado na cabeça durante uma operação emergencial nos Complexos da Pedreira e do Chapadão, entre Costa Barros e Guadalupe, na Zona Norte. A região viveu momentos de terror, entre a noite de sábado (6) e a madrugada de hoje, por conta da guerra entre facções rivais pelo controle do território. Suspeitos também morreram no confronto e o policiamento segue intensificado. 
Segundo a PM, o 41º BPM (Irajá), o Comando de Operações Especiais (COE) e o 2º Comando de Policiamento de Área (CPA) iniciaram uma operação emergencial, na noite de sábado, para coibir as tentativas de expansão territorial de criminosos. No início da manhã domingo, equipes seguiam para intensificar o policiamento no entorno do Complexo da Pedreira, quando foram atacados a tiros na Estrada João Paulo, em Barros Filho.
Houve confronto e, na troca de tiros, o sargento Mauro Batista dos Santos, de 43 anos, foi atingido na cabeça. O PM chegou a ser socorrido para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, também na Zona Norte, mas não resistiu aos ferimentos. A vítima era lotada no 41º BPM, estava na corporação desde 2002 e deixa mulher e uma filha. Ainda não há confirmação do horário e local do sepultamento do militar.
Ainda de acordo com a PM, na noite de sábado, equipes já haviam sido atacadas a tiros pelos criminosos e o tiroteio deixou três suspeitos baleados. Com eles, foram apreendidos três fuzis, três carregadores e um colete tático. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dois homens feridos, não identificados, deram entrada no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, Zona Norte, já sem vida e os corpos serão encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML). 
A pasta informou que um terceiro baleado foi socorrido na unidade e depois transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na Zona Norte. Ainda não há informações sobre a identificação e o estado de saúde do ferido. A Polícia Militar ainda não informou se os baleados são os mesmos suspeitos que aparecem em imagens que mostram corpos jogados no chão. 
Outros vídeos compartilhados nas redes sociais mostram um homem usando roupa camuflada, que seria conhecido como Frango, sendo carregado e atirado em uma fogueira. Relatos afirmam que ele era integrante da facção que tentava invadir e tomar o controle do Complexo da Pedreira. Procurada, a Polícia Civil ainda não informou se foi acionada para investigar as mortes na região. 
Em um vídeo que circula nas redes sociais, um homem que se diz morador da comunidade, lamenta a rotina de violência. "Infelizmente, mais um dia os moradores sofrem, correndo, com pressão, mais uma família perdeu um filho. Tremendo sábado em Costa Barros, a comunidade sendo invadida sete horas da noite, cheia de crianças na rua", começa ele, que parece chorar nas imagens. 
"A gente só quer poder entrar e sair da comunidade para nossas casas, poder ir trabalhar e voltar, poder ficar na pracinha cinco minutos, dez minutos, com nossos filhos. Infelizmente, nem isso a gente pode, nem ir no portão de casa a gente pode (...) Os moradores não têm nada a ver com a guerra, não têm a ver com o porquê vocês estão lutando. Os moradores só querem paz", desabafou. 
Por conta do confronto, neste domingo, a circulação de trens do ramal Belford Roxo foi suspensa no trecho entre Rocha Miranda e Belford Roxo, com estações fechadas para embarque e desembarque. Segundo a SuperVia, o tiroteio afetou o sistema de rede aérea e a operação ocorre somente entre Central do Brasil e Mercadão de Madureira. A concessionária disse que "lamenta o transtorno, mas a medida é necessária para segurança de todos".
Há meses, o Complexo da Pedreira, entre Costa Barros e Pavuna, sofre com a guerra entre criminosos rivais pelo controle do território. A comunidade, dominada por bandidos do Terceiro Comando Puro (TCP), tem sido alvo de constantes invasões e confrontos por traficantes do Complexo do Chapadão, entre Costa Barros e Guadalupe, liderados pelo Comando Vermelho (CV). Os ataques da facção se repetem em diversas comunidades da cidade, como Morro dos Macacos, Morro do Fubá e Praça Seca, onde o CV tenta expulsar integrantes do TCP e milicianos, para expandir as áreas de atuação.