O crime aconteceu após o motoboy bater com a mochila no retrovisor do táxi Redes Sociais
MPRJ analisa denúncia contra taxista suspeito de matar motoboy em Vila Isabel
Inquérito da Polícia Civil aponta que Eduardo Gripp cometeu um homicídio por dolo eventual
Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro recebeu o inquérito da morte do motoboy Alan Rodrigues Sales, de 22 anos. O documento, fruto de uma investigação conduzida pela 20ª DP (Vila Isabel), concluiu, na terça-feira (9), que o taxista Eduardo Henry Nogueira Gripp responderá por homicídio por dolo eventual, quando assume o risco de causar a morte.
Agora, a 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Méier e Tijuca vai analisar a documentação "para a adoção das medidas cabíveis". No decorrer da investigação, foram avaliadas imagens, produzidos laudos periciais de alta complexidade, realizadas dezenas de diligências e colhidos testemunhos.
Segundo o delegado Leandro Gontijo, da 20ª DP (Vila Isabel), não houve dúvidas de que o motorista assumiu o risco de matar Alan. A distrital não representou o pedido de prisão. O relatório das investigações foi encaminhado para o MPRJ e segue em análise. O suspeito continua em liberdade.
A mãe de Alan, a agente administrativa Ana Carla Rodrigues, 47, disse que ao saber da decisão, chegou a passar mal.
"É uma sensação de impotência, uma agonia em saber que o cara está livre, está por aí curtindo, vivendo vida enquanto meu filho não está. Meu filho, que adorava curtir a vida, adorava viver, ele amava a vida dele. Eu queria muito que ele [taxista] estivesse preso, que ele estivesse pagando pelo que ele cometeu, porque ele matou o meu filho! Ele não pensou, ele é frio. Ele não pensou em nenhum momento", desabafa a matriarca ao Dia.
Relembre o caso
O crime aconteceu após o motoboy bater com a mochila no retrovisor do táxi e ser perseguido pelo motorista, na noite do dia 31 de março, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Em depoimento, o acusado alegou que queria resolver o prejuízo. Após bater com o carro na moto da vítima, Eduardo fugiu do local sem prestar socorro. Ele disse que ficou com medo de parar e ser linchado por grupos de motociclistas.
O suspeito afirmou ainda que não tinha pretensão de causar nenhum mal a Alan. Imagens disponibilizadas pelo próprio motorista mostram o momento em que o carro dele atingiu a motocicleta pilotada pela vítima. No vídeo, é possível ver que o motoboy sinalizou que ia encostar a moto. Para a família de Alan, o crime teria sido proposital.
Depoimento
O motorista disse à Polícia Civil que, naquela noite, Alan esbarrou com a moto no retrovisor do seu carro, causando um forte impacto. Ele então, disse que passou a seguir o motoboy, piscando o alerta do carro, na tentativa de tentar parar e resolver o prejuízo. Eduardo afirmou que o rapaz teria diminuído a velocidade antes da Rua Emília Sampaio, mas tornou a acelerar logo em seguida, na Rua Teodoro da Silva, cruzando a pista para a direita.
Ele conta que, ao olhar para o retrovisor da direita, a fim de ver se poderia virar na pista sem colidir com outro veículo, Alan diminuiu a velocidade da moto muito rápido, e que ao olhar para a frente novamente, ele tentou frear mas acabou atingindo o veículo do rapaz. O taxista afirmou que, por reflexo, virou o volante para a esquerda, e que não viu o que o rapaz havia caído no chão.
Ainda em depoimento, Eduardo Henry contou que olhou o retrovisor e viu a moto de Alan no chão, que pensou em voltar e ver o que aconteceu, mas que ficou muito "nervoso" com a situação.
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