64ª DP (São João de Meriti) investiga se médicos cometeram negligência médica em parta Reprodução/Google Maps

Rio - Dois médicos devem responder por negligência médica no caso da bebê que morreu por asfixia perinatal durante o parto no Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, em janeiro deste ano. O inquérito será concluído dentro dos próximos dias na 64ª DP (São João de Meriti). Os pais da bebê Cecília, Renato Gonçalves e Monique Silva, prestaram novo depoimento na manhã desta quarta-feira (10), na delegacia que investiga o caso.
A família denuncia que não havia obstetra na sala de parto na madrugada do dia 14 de janeiro de 2024, somente uma enfermeira obstétrica, fato este confirmado pelo próprio hospital. Também que houve demora no procedimento. De acordo com o laudo, Cecília morreu por asfixia perinatal após período expulsivo prolongado.
Ao DIA, Monique disse que os dois médicos que estão sendo citados no inquérito estavam de plantão na madrugada do parto, mas não atenderam ao chamado da enfermeira. "Os dois estavam de plantão no dia, porém não vieram quando a enfermeira obstétrica e a técnica de enfermagem ligaram para o consultório médico", disse a mãe de Cecília. A família diz que não consta, até o momento, indícios de que as enfermeiras serão indiciadas.
"Por eu ter sido negligenciada, minha filha veio a óbito. Hoje (10/07) nós fomos ouvidos e nos foi informado que o inquérito será concluído, e em seguida encaminhado para a justiça", disse Monique. Quase seis meses já se passaram após o ocorrido e, desde o início, a família da bebê busca justiça. Para os pais de Cecília, não há dúvidas que houve negligência dos médicos. "Em nenhum momento o hospital veio nos dar suporte. A administração não quis nem falar conosco, só falou depois que os policiais apareceram no local", lembra Monique.
O que diz o hospital
À época do ocorrido, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) abriu uma sindicância para apurar o que aconteceu durante o plantão que terminou na morte da menina. Por meio de nota, a direção do hospital explicou que o parto não era considerado de risco e que o diagnóstico de diabetes gestacional não contraindica o parto natural, "o que é expressamente descrito pelo protocolo do Ministério da Saúde".
O hospital também confirmou que o parto não foi assistido por uma obstetra, somente por uma enfermeira obstétrica. "A paciente Monique Fabrícia Silva de Souza foi devidamente assistida. O parto vaginal ocorreu à 01h10 de 14/01/24 com assistência de enfermeira obstétrica, profissional apta a este procedimento, mesmo sem a presença de um obstetra. Porém, o bebê nasceu sem batimentos audíveis e não respondeu às manobras de reanimação. Segundo a direção, no dia do atendimento à paciente a equipe médica de seis obstetras de plantão estava completa", disse em nota.