Júlia Pimenta foi indiciada por matar Luiz Ormond envenenado com um brigadeirãoDivulgação
Polícia intercepta discussão entre cigana e namorada de empresário envenenado: 'você fez sozinha'
Seis dias após Luiz Marcelo Ormond ter sido encontrado morto, Suyany Breschak culpou Julia Pimenta integralmente pelo crime e foi confrontada
Rio - A Polícia Civil interceptou conversas entre Julia Cathermol Pimenta e Suyany Breschak, indiciadas pela morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, de 49 anos. A primeira era namorada da vítima, enquanto a segunda atuava como uma espécie de mentora religiosa de Julia. Na troca de mensagens, as duas discutem após Luiz ter morrido ao ingerir um brigadeirão envenenado. As informações foram divulgadas pelo "RJ2", da TV Globo.
O diálogo entre as duas, que se conhecem há cerca de 10 anos, aconteceu no dia 26 de maio, seis dias depois que o empresário foi encontrado morto em seu apartamento, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Nele, Suyany culpa Julia integralmente pelo crime: "você simplesmente fez sozinha como fez. Ninguém mandou você fazer", escreveu.
A namorada de Luiz rebate: "não estou acreditando que você está fazendo isso comigo. Você está mandando isso para se livrar e mostrar como prova. Você sabe que não foi assim. Eu esperava tudo de qualquer pessoa, menos de você. Você é minha mãe de santo... você está distorcendo a história", respondeu Julia.
"Eu matei a pessoa? Eu mandei você matar? Eu sabia da morte? E fala para os policiais onde você enfiou as coisas, porque estão dizendo que estão comigo e dizendo que você saiu de lá cheia de coisas", contestou Suyany.
Julia foi presa ao se entregar na 25 DP (Engenho Novo) no dia 5 de junho, enquanto Suyany foi detida no dia 28 de maio, dois dias depois da conversa interceptada pelos policiais. Além das duas, outras quatro pessoas foram indiciadas por envolvimento na morte de Luiz.
A investigação apontou que Júlia deu um brigadeirão com 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg, um remédio controlado, para o homem. Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde Luiz morava mostram, no dia 17 de maio, o empresário sonolento ao conversar com a namorada, o que para a polícia significou que ele já tinha sido envenenado.
Exames do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram a presença de morfina e outras substâncias no corpo de Luiz Marcelo.
A polícia apontou ainda que Suyany Breschak, considerada a mandante do crime, foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. O homem que dirigia o carro foi preso por receptação. Com ele, os agentes localizaram o celular e o computador da vítima.
A defesa de Júlia Pimenta informou que ainda está analisando o relatório, que se trata de um documento extenso. Já os advogados de Suyany afirmaram que provarão a inocência da mulher.
Quem são os indiciados
Júlia responderá pelos crimes de homicídio por motivo torpe, com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suar armas.
Suyany foi indiciada pelos mesmos crimes da psicóloga, menos o uso de documentos falsos. Considerada a mandante do assassinato, a cigana teria instruído Júlia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no brigadeirão.
Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, namorada da Cigana, e Victor Ernesto de Souza Chaffin, amigo de Breschak, foram indiciados por receptação, venda de armas, associação criminosa e fraude processual. Eles respondem em liberdade, assim como Geovani Tavares Gonçalves e Michael Graça Soares, que compraram as armas.
Relembre o caso
Júlia e Luiz começaram a se relacionar em 2013. À época, a psicóloga tinha apenas 18 anos enquanto o homem 34. Os dois ficaram juntos até 2017, quando se separaram, mas voltaram a se falar em março deste ano. Júlia teria procurado Luiz que, inclusive, teria cogitado formalizar uma união estável com a suspeita. Os dois passaram a morar juntos no apartamento da vítima, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte.
Luiz Marcelo foi encontrado morto dentro do apartamento, no dia 20 de maio. O laudo cadavérico concluiu que o empresário foi morto três ou seis dias antes do corpo ser localizado.
Júlia fugiu do apartamento nesta mesma data levando pertences da vítima, incluindo carro e duas armas. Os investigadores dizem que a mulher chegou a dormir ao lado do cadáver durante todo o fim de semana. No dia 22 de maio, a suspeita prestou depoimento na delegacia, mas não foi presa. Segundo o delegado, não havia base legal para a detê-la. Na distrital, ela disse que foi agredida pelo namorado no dia 18 e por isso saiu de casa.
Enquanto era procurada, Júlia se escondeu em um hotel no Centro do Rio. Ela deu entrada no local na noite do dia 28 de maio, horas antes de ser considerada foragida, e apresentou um nome falso de Lilia Mara Schneider para fazer a reserva.
Após uma semana foragida, a psicóloga se entregou no fim da noite do dia 4 de junho à polícia. Ela chegou na 25ª DP acompanhada da advogada e preferiu se manter em silêncio. A suspeita foi transferida para o presídio de Benfica, na Zona Norte, e teve a prisão mantida.
Assim como o carro do empresário, as armas de Ormond foram encontradas em Cabo Frio, na Região dos Lagos em 10 de junho.
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