Gessé Reis recebeu atendimento no Hospital Adão Pereira Nunes, na Baixada FluminenseMarcos Porto/Agência O Dia
Autista baleado por policial recebe alta após oito dias
Gessé Souza dos Reis passou por duas cirurgias na perna, no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, na Baixada Fluminense
Rio - Gessé Souza dos Reis, de 30 anos, baleado na perna direita durante uma abordagem policial em Magé, na Baixada Fluminense, recebeu alta do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, nesta quinta-feira (18). Ele ficou internado por oito dias e foi submetido a duas cirurgias. Segundo a direção da unidade, o paciente, diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), deverá comparecer a consultas médicas nos próximos meses.
A família da vítima diz que no último dia 10 uma viatura da Polícia Civil teria se aproximado enquanto o homem andava pelo bairro Parque dos Artistas, a caminho da casa da irmã. Na ocasião, Gessé teria se assustado e corrido para dentro de um terreno, momento em que um agente teria atirado em sua direção.
O caso está sendo investigado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil. No sábado (13), a corporação contou ao DIA que Gessé teria encurralado um agente, que, para "resguardar sua segurança e integridade física, realizou um disparo de arma de fogo na direção do chão". A nota afirma que um estilhaço feriu a perna da vítima, e que ele foi socorrido pelos agentes e encaminhado a uma unidade da região pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Ainda segundo a Civil, o registro de ocorrência, feito na 66ª DP (Piabetá), não foi realizado pelo policial que realizou o disparo. Ele já prestou depoimento e a investigação segue em andamento.
Comissão da OAB-RJ assume o caso
A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OABRJ) assumiu o caso de Gessé. Os advogados que integram a CDHAJ se reuniram com familiares do homem e com a sua defesa na terça-feira (16). No encontro, estiveram presentes o presidente da comissão, José Agripino, o procurador Paulo Henrique Lima, a membra Thyfani Pires, o colaborador Júlio Godinho e o advogado de Gessé, Anderson Ribeiro.
"Assim que soubemos do caso, mobilizamos os membros da CDHAJ para oferecer a assistência necessária à família. O Estado não pode continuar violando os direitos humanos de pessoas com deficiência em razão da falta de preparo de seus agentes", disse Agripino. O procurador Paulo Henrique Lima criticou a ausência de protocolo que garantam uma abordagem policial humanizada em regiões periféricas.
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