Psicóloga Júlia CathermolReprodução

Rio - A Justiça do Rio aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou ré a psicológa Julia Andrade Cathermol Pimenta e a cigana Suyany Breschak pela morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, de 49 anos, no Engenho Novo, na Zona Norte, que ocorreu em maio deste ano. De acordo com as investigações, a vítima foi envenenada com um brigadeirão.

"Os depoimentos colhidos na fase de inquérito policial evidenciam que as denunciadas estavam unidas no intuito de eliminar a vida da vítima, tendo por fim usufruir de seus bens, praticando atos dissimulados ao longo do tempo que antecedeu ao crime, agindo com atuação calculada e fria, a revelar periculosidade acima do padrão normal da vida urbana", diz um trecho da decisão.

Júlia era namorada do empresário, acusada de produzir e oferecer a ele um brigadeirão com 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg, um remédio controlado. Já Suyany, é considerada mandante do crime. Ela foi beneficiada com todos os bens furtados de Luiz Marcelo e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas por envolvimento no crime. A psicóloga, que está presa desde o dia 5 de junho, irá responder pelos crimes de homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suas armas.

Enquanto Suyany, presa desde o dia 28 de maio, responderá pelos mesmos crimes de Júlia, menos pelo uso de documentos falsos. Ela teria instruído a amiga a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no brigadeirão.

Além delas, Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, namorada da Cigana e Victor Ernesto de Souza Chaffin, amigo de Breschak, foram indiciados por receptação, venda de armas, associação criminosa e fraude processual. E Geovani Tavares Gonçalves e Michael Graça Soares pela compra das armas. Eles estão respondendo em liberdade.
À reportagem não conseguiu contato com a defesa dos acusados. O espaço está aberto para manifestações.

Relembre caso
Júlia e Luiz começaram a se relacionar em 2013. À época, a psicóloga tinha apenas 18 anos enquanto o homem 34. Os dois ficaram juntos até 2017, quando se separaram, mas voltaram a se falar em março deste ano. Júlia teria procurado Luiz que, inclusive, teria cogitado formalizar uma união estável com a suspeita. Os dois passaram a morar juntos no apartamento da vítima, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte.
Luiz Marcelo foi encontrado morto dentro do apartamento, no dia 20 de maio. O laudo cadavérico concluiu que o empresário foi morto três ou seis dias antes do corpo ser localizado.
Júlia fugiu do apartamento nesta mesma data levando pertences da vítima, incluindo carro e duas armas. Os investigadores dizem que a mulher chegou a dormir ao lado do cadáver durante todo o fim de semana. No dia 22 de maio, a suspeita prestou depoimento na delegacia, mas não foi presa. Segundo o delegado, não havia base legal para a detê-la. Na distrital, ela disse que foi agredida pelo namorado no dia 18 e por isso saiu de casa.
Enquanto era procurada, Júlia se escondeu em um hotel no Centro do Rio. Ela deu entrada no local na noite do dia 28 de maio, horas antes de ser considerada foragida, e apresentou um nome falso de Lilia Mara Schneider para fazer a reserva.
Após uma semana foragida, a psicóloga se entregou no fim da noite do dia 4 de junho à polícia. Ela chegou na 25ª DP acompanhada da advogada e preferiu se manter em silêncio. A suspeita foi transferida para o presídio de Benfica, na Zona Norte, e teve a prisão mantida.
Assim como o carro do empresário, as armas de Ormond foram encontradas em Cabo Frio, na Região dos Lagos em 10 de junho.