Ministério da Saúde determinou municipalização do Hospital Federal do AndaraíArquivo /Agência O Dia
A respeito do posicionamento contrário do Conselho Municipal de Saúde, Soranz afirmou que se houver novas variáveis no futuro, a municipalização pode ser discutida e que o processo é dinâmico. "Nesse momento, o conselho referendou a contratação [pela RioSaúde]. Se tivermos novas variáveis em relação ao financiamento e sobre a reorganização de rede, isso pode ser rediscutido, alinhado com a condição do Ministério da Saúde. A gente está começando esse processo agora", declarou Soranz. O Ministério da Saúde determinou, por meio de uma portaria publicada em 5 de julho, a transferência dos serviços do órgão público federal para a gestão municipal.
O vereador do Rio Paulo Pinheiro (Psol) acompanhou a reunião do conselho e defende que a decisão do colegiado seja respeitada. "Teoricamente, pela legislação do SUS (Sistema Único de Saúde), tudo tem que ter a aprovação do CMS, é o controle social", afirmou. O parlamentar é contra a municipalização do Hospital do Andaraí e argumenta que em 1999 o Ministério da Saúde repassou 28 unidades federais para gestão municipal e voltou atrás da medida em 2005 durante o Governo Lula.
"Esses hospitais atendem à alta complexidade, hospitais federais têm esse perfil. Acho que é um grave erro do Ministério da Saúde a municipalização. Não discutiu com a sociedade, não conversou com ninguém. A gestão tem sido uma tragédia no Rio de Janeiro. Esses hospitais estão em crise há anos, com problemas administrativos. O mesmo Ministério da Saúde repassou esses seis hospitais federais à prefeitura e seis anos depois, em 2005, a situação era catastrófica, isso é uma incoerência", criticou Pinheiro.
Durante reunião em Brasília na terça-feira (30) com representantes do Sindsprev/RJ, o sindicato que representa os trabalhadores da rede federal de saúde, a ministra Nísia Trindade reafirmou a municipalização do Hospital Federal do Andaraí. Os servidores da rede federal no Rio estão em greve há 76 dias e criticam a ausência de negociação com o governo federal.
"Ontem (30) tivemos reunião com a ministra Nísia, onde ela reafirmou que está fazendo o fatiamento, neste momento no Hospital do Andaraí. A perspectiva que temos é que a gestão vai entregar todos os hospitais, não falam nada sobre o acordo de greve que assinaram em 2023. É um silêncio sobre isso", afirmou a dirigente do Sindsprev/RJ Cristiane Gerardo Neves.
Ato marcado no Graffée e Guinle
O SindsPrev marcou um ato na quinta-feira (1), às 10h, em frente ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, contra a absorção por esta unidade do Hospital Federal dos Servidores, outro equipamento federal que pode ser cedido, este para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
"O Gaffrée e Guinle está com 20% dos 177 leitos fechados e quer pegar os leitos do Hospital dos Servidores. Não tem sentido. Com isso, a sociedade vai perder uma unidade de saúde, o Hospital Federal dos Servidores, que presta atendimentos que só tem ali, como gravidez de alto risco, serviços especializados que estão dentro da lógica da alta complexidade e que vão ser extintos por interesses financeiros", criticou Cristiane.
O sindicato afirma que o governo federal não cumpre o acordo de greve firmado em 2023, que previa enquadramento de auxiliares de enfermagem como técnicos de enfermagem; majoração da insalubridade para os servidores que trabalham em ambiente com doenças infectocontagiosas e pagamento do piso salarial da enfermagem.
"O governo Lula não abre processo negocial o que é estranho, um governo que se elege pontuando compromisso com os trabalhadores e que não cumpriu nenhum e está a extinguir os postos de trabalho e o patrimônio da rede federal no Rio, que deveriam formar um complexo de atenção especializada. O governo está promovendo um fatiamento sem sentido", acrescentou a dirigente sindical.
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