Corpo de Richard Ferreira foi sepultado no Cemitério da Penitência, no Caju, nesta terça-feira (13) Renan Areias/ Agência O Dia

Rio - O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) abriu uma sindicância, nesta terça-feira (13), para apurar a conduta de um médico na morte de Richard Ferreira da Cruz, de 20 anos. O jovem estava internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e morreu na noite de domingo (11) depois de se envolver em uma briga com dois profissionais do hospital, sendo um deles médico. Os funcionários estão afastados temporariamente dos serviços enquanto a Polícia Civil apura as circunstâncias da morte.
Segundo o Cremerj, a sindicância corre em sigilo, conforme os ritos do Código de Processo Ético-Profissional. O andamento das investigações também é acompanhado de perto pelo secretário de Saúde do município, Daniel Soranz. Ele afirma que a denúncia da família é grave.
O caso
Richard deu entrada na unidade com um corte no pescoço, proveniente de um assalto, e bastante agitado. Durante uma briga verbal e física com os profissionais, ele não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade. A mãe do jovem, Alessandra Ferreira da Silva, alega que o rapaz foi agredido por um médico com um soco no local do ferimento. A agressão, segundo a mãe, agravou o corte no pescoço, levando à morte. Segundo a família do rapaz, ele tinha transtornos psiquiátricos, mas estava com quadro de saúde estável quando teve um surto e acabou sendo agredido pela equipe do hospital.
Já os profissionais envolvidos no caso afirmaram em depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca) que Richard deu entrada com um ferimento no pescoço e, durante o atendimento, o paciente começou a agir de forma agressiva e tentou fugir do hospital. Em outro momento, Richard teria ameaçado os funcionários. Em seguida, um médico de plantão foi até a sala de atendimento e tentou medicar Richard, mas teria sido golpeado com dois socos no rosto.
"Richard iniciou as agressões contra o médico, que para se defender tentou imobilizar o paciente, que estava descontrolado e em acesso de fúria". Ainda segundo o depoimento do profissional de saúde, a mãe de Richard, ao ver a cena, o puxou, mas ele acabou caindo no chão. "Foi neste momento que ele começou a sangrar muito. Ele foi colocado na maca e levado para sala vermelha, local onde é realizado procedimento em pacientes que estão com quadro clínico agravado", informou o profissional em depoimento.
O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca) e encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que ouve testemunhas para concluir as investigações.
Jovem foi sepultado nesta terça-feira (13)
O corpo de Richard foi sepultado na manhã desta terça-feira (13), no Cemitério da Penitência, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Com a dor da perda estampada no rosto, a mãe era consolada por familiares e amigos presentes. Em certo momento, Alessandra chegou a se ajoelhar no chão, quando também falou sobre como a morte precoce do filho deixava um vazio imenso.
"Minha vida acabou, meu companheiro foi embora, minha vida foi embora. Esse monstro tem que pagar porque todos os hospitais precisam ter ciência dos funcionários que vão colocar lá dentro. Meu filho tinha problemas psicológicos e esse monstro ficou chamando ele pra briga, vendo que ele estava debilitado. Faltou preparo do hospital, e meu filho ficou pedindo para tirar ele de lá porque não estavam dando atenção e confiança a ele. Eu fui acalmá-lo, mas esse monstro foi para cima dele com brutalidade, enfiando o dedo na cara dele e gritando", disse.