Rio - Estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) realizaram uma manifestação, na manhã desta quinta-feira (15), após o bloqueio ao acesso ao campus no Maracanã, na Zona Norte, que começou ontem. Houve confusão próximo ao portão 5 da instituição, um dos principais, quando funcionários teriam tentado acessar uma das áreas fechadas pelos estudantes. As atividades presenciais foram suspensas.
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As entradas foram obstruídas com bancos, cadeiras e mesas. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver o confronto entre estudantes e funcionários que tentavam desmontar as barreiras e entrar no Pavilhão João Lyra Filho. Nas imagens, os alunos aparecem empurrando os objetos enquanto os seguranças da unidade tentam contê-los.
Protesto bloqueia acesso ao campus da Uerj no Maracanã e provoca confusão entre alunos e funcionários.
O auxílio-creche também foi afetado. Com a nova decisão, o benefício foi limitado para apenas 1,3 mil estudantes. Anteriormente, tinha acesso quem solicitasse. A partir de agora, estudantes contemplados pela bolsa de apoio a vulnerabilidade social precisam comprovar uma renda bruta de meio salário mínimo por pessoa da família. Antes, a renda era um salário mínimo e meio. As alterações começaram a valer a partir de 1º de agosto.
De acordo com relatos de estudantes, cerca de 5 mil alunos vão perder os benefícios após a mudança. Eles denunciam, também, atrasos nos pagamentos. Segundo os manifestantes, as propostas da atual reitoria, antes de ser eleita, era de manter os benefícios.
Fábio Amaral, de 19 anos, aluno de Ciências Sociais, aderiu à paralisação e participou do protesto, afirmando que o ato não é apenas em prol dos estudantes, mas também em apoio aos servidores e terceirizados que enfrentam atrasos nos salários e benefícios. "Todos estão sofrendo muito, esse ato não é só por nós estudantes, mas também por servidores e terceirizados que estão com benefícios e salários atrasados. A questão é que a reitoria da Uerj fez um decreto que corta os auxílios e ainda muda os critérios para conseguir eles. Quando essa reitoria assumiu, eles fizeram uma carta de compromisso falando que continuaria com os auxílios.", explicou.
A Uerj repudiou os atos cometidos pelos alunos e informou que a obstrução do prédio é inaceitável. Segundo a instituição, todas as providências estão sendo tomadas para que as atividades possam acontecer com tranquilidade. A mobilização dos alunos causou transtornos significativos, interrompendo o fluxo normal de entrada e saída no local.
De acordo com a reitora da unidade, Gulnar Azevedo, atos como esses não serão aceitos. "É inaceitável o que aconteceu ontem, uma invasão fechando as portas principais e impedindo alunos que queriam ter aula de ter livre entrada na universidade. Estamos há três semanas tentando negociar com eles porque foi necessário fazer um ajuste, que fique claro que os cotistas não perderam bolsas. A intransigência não é nossa, a intransigência é de quem está ocupando, a gente quer ter o apoio das entidades, inclusive estudantis para que a gente possa negociar em um ambiente tranquilo", ressaltou a reitora.
Segundo a universidade, as dificuldades financeiras impuseram as medidas do Ato Executivo 038/2024, que mudou o regramento de bolsas e auxílios estudantis. A reitoria entende essas medidas como necessárias, no cenário atual, para preservar os pagamentos dos mais vulneráveis.
A universidade esclareceu que o auxílio alimentação continua sendo pago em dinheiro nos campi da Uerj que não possuem Restaurante Universitário para os cotistas e aqueles em vulnerabilidade social. Naqueles que têm Restaurante Universitário, os cotistas passam a ter tarifa zero. No caso do auxílio transporte, o estudante de graduação deve optar pelo auxílio em detrimento do Passe Livre e ter ingressado pelo sistema de reserva de vagas ou ser estudante da ampla concorrência com renda familiar per capita igual ou inferior a meio salário mínimo.
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