Secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, Rosangela GomesDivulgação

Rio - No comando da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Rosangela Gomes lidera importantes programas de combate à fome no Governo do Estado, como o Restaurante do Povo, o RJ Alimenta e o Café do Trabalhador. Na gestão de Cláudio Castro, foram entregues mais de 31 milhões de refeições à população fluminense. "Nosso governador teve a coragem de tratar a questão da fome de frente. A fome é cruel e não dá trégua", enfatiza a secretária, que cresceu em um ambiente de extrema pobreza na Baixada Fluminense.
O Rio de Janeiro teve uma significativa redução nos índices de insegurança alimentar, situação de fome grave. A que se deve esse resultado?
Rosangela: Esse resultado começou quando o governador Cláudio Castro revogou o decreto que impedia investimentos em programas de alimentação do Estado. O Rio de Janeiro enfrentou uma crise econômica profunda, seguida pela pandemia da Covid-19, que reduziu a renda das famílias e fez faltar comida na mesa. Nosso governador teve a coragem de enfrentar a questão da fome. Só os Restaurantes do Povo receberam investimentos de R$ 250 milhões, com a reabertura de unidades fechadas desde 2016. Criamos o RJ Alimenta, que oferece refeições gratuitas, e o Café do Trabalhador, que fornece a primeira refeição do dia por apenas cinquenta centavos.
E quando serão abertos os novos restaurantes prometidos para a população fluminense?
Rosangela: Esse ano serão inaugurados mais três restaurantes do Povo, Madureira, Nova Iguaçu e Queimados. Ano que vem teremos Nilópolis. Estamos negociando ainda o do Méier e de São João de Meriti. E estamos trabalhando sempre de forma alinhada com as prefeituras. Atuar em conjunto em política pública é fundamental para combater a fome. E essa articulação estamos sempre buscando, inclusive com o Governo Federal.
Qual é o público prioritário atendido pelos Restaurantes do Povo?
Rosangela: Nosso público prioritário hoje é formado por idosos e pessoas com deficiência. Cerca de 70% dos frequentadores têm esse perfil. Muitos aposentados vão ao restaurante para economizar no gás e na comida. Temos relatos de pessoas que utilizam o programa para reduzir os gastos mensais, o que também lhes permite ter acesso a outras necessidades, como lazer, essencial para o desenvolvimento humano.
Qual o papel do Café do Trabalhador no combate à fome?
Rosangela: Esse programa é fundamental, e sua localização estratégica, próxima às estações de ônibus e trens, facilita a vida do trabalhador e do estudante que saem cedo de casa. Estamos trazendo o Café do Trabalhador para a capital, o que é crucial, pois muitas pessoas deixam suas cidades de origem muito cedo para trabalhar. Com o Café do Trabalhador, garantimos acesso à primeira refeição do dia, sabendo que muitos pulam essa refeição para economizar. Mães deixam de comer para garantir o almoço dos filhos. Só quem passou fome entende isso.
O Rio de Janeiro ainda enfrenta desigualdades sociais e raciais, que estão diretamente ligadas à sua Secretaria. O que tem sido feito nessas áreas?
Rosangela: Estamos preparando um mapeamento das questões raciais, com grande investimento para garantir uma política pública eficaz que atenda às diferentes necessidades da população. Acredito que deixaremos um legado nessa área. E destaco ainda, o Hotel Acolhedor, que é um marco na assistência da população em situação de rua.
Qual é o desafio permanente para os próximos governos em relação ao combate à fome?
Rosangela: Os governos precisam assegurar que as políticas públicas retomadas e ampliadas continuem. Devemos seguir com os Restaurantes do Povo, o RJ Alimenta e o Café do Trabalhador. Garantir o acesso a uma alimentação de qualidade e saudável é crucial. A fome paralisa; não adianta pensar em desenvolvimento econômico com barriga vazia. Quem tem fome só pensa em garantir um prato de comida, o que impede qualquer evolução social.

O que a senhora diria hoje para aquela menina da Baixada Fluminense que contava moedas para comprar um salgado no almoço? Ela imaginava que se tornaria secretária de Estado e estaria à frente do combate à fome no Rio de Janeiro?
Rosangela: Acredito, humildemente, que a trajetória daquela menina me trouxe até aqui. Passei fome, dormi na rua, mas isso me tornou alguém capaz de ouvir. Hoje, vejo meninos e meninas do Rio tendo acesso a comida de qualidade nos Restaurantes do Povo. A fome imobiliza. Não há romantismo na fome; ela é cruel e não dá trégua.