O corpo de Caio Rendão (esquerda) foi encontrado em um canteiro de obra; Wesley (direita) confessou ter enterradoArquivo Pessoal

Rio - A família de Caio da Silva Rendão ainda não acredita que o acusado de matar e enterrar o corpo do rapaz, de 21 anos, foi solto após dois meses preso. Eles receberam com revolta e medo a notícia de que as autoridades não representaram a denúncia do crime, permitindo, assim, que Wesley Alves da Silva de Souza, 21, saísse do presídio pela porta da frente.
"Eu estou triste, decepcionada com a polícia. Não sabíamos que ele ia ser solto, pensei que fosse ficar ao menos até o julgamento. Estou com medo, ele sabe onde eu moro, não sei o que ele fez com as coisas do meu filho, a gente sente medo", desabafou Margarida da Silva, de 52 anos, mãe de Caio. 
O inquérito, conduzido pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, confirmou a participação de Wesley, melhor amigo da vítima, no homicídio. Segundo as investigações, ele enterrou o corpo do rapaz em um canteiro de obras no quintal próximo a sua própria casa. Quando preso, inclusive, Wesley confessou o crime. O documento foi encaminhado ao Ministério Público do Rio, mas o processo seguia sem novas movimentações.
"Ficamos revoltados! É um sentimento de impotência, de não saber o que fazer. Se você não tem condições financeiras de arcar com um advogado, não consegue nada. O Ministério Público deu pouca importância. Estamos de pés e mão atadas, sem saber o que fazer. A mãe do Caio ta morrendo mais a cada dia, sabendo ainda que o assassino está solto, impune, sem pagar nada! Ele ficou menos tempo preso do que o tempo em que ficamos procurando o Caio", desabafa Aline Carvalho, de 35 anos, madrinha da vítima. 
Os familiares de Caio divulgaram um cartaz pedindo informações sobre o paradeiro dele em fevereiro. Na ocasião, eles ainda não sabiam o que de fato havia acontecido. Somente no dia 10 de junho, quando um pedreiro revirava uma areia utilizada para obras perto da casa de Wesley, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, foi descoberto o cadáver, em estado avançado de decomposição, dentro de um pano.
Segundo testemunhas, ao ver que tinham descoberto os restos mortais, Wesley tentou fugir carregando o corpo. Mas, não aguentou o peso e deixou cair. Exames feitos pela Polícia Civil comprovaram que era o cadáver de Caio dentro do saco. O acusado conseguiu escapar antes da polícia chegar ao local, mas foi preso três dias depois, em Belford Roxo, escondido na casa de familiares.
O pedido de prisão era temporário, e chegou a ser estendido por mais um mês, no decorrer das investigações. Contudo, o prazo chegou ao fim na terça-feira (13). O DIA checou, neste sábado (17), que não havia mais movimentações no processo, desde então. 
A 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos de Duque de Caxias e Nova Iguaçu informou que o investigado foi solto pois o prazo de prisão temporária expirou antes de as investigações terem sido concluídas pela Polícia Civil e remetidas ao MPRJ. Eles informaram que a denúncia foi feita nesta segunda-feira (19), por homicídio duplamente qualificado.
Corpo de Caio ia ser enterrado como indivíduo não reconhecido
No dia 9 de julho, a família de Caio enfrentou uma luta quando o Instituto Médico Legal de Duque de Caxias informar que os restos mortais seriam enterrados como indivíduo não reconhecido. Após a pressão da família, o sepultamento foi suspenso.
"O que a gente entendeu foi que a delegacia não pediu prioridade do caso. Aqui informaram que em 14 dias eles tem que entrar com pedido em cartório para fazer o enterro, porque eles não conseguem ficar com o corpo aqui e isso foi pedido, mas nada foi resolvido. Se a gente não tivesse vindo aqui ontem, ele iria ser enterrado como indigente, mas a gente moveu o mundo. Eu vou sair daqui e vou para delegacia pressionar eles, para eles ficarem em cima do caso", disse Aline Carvalho na época.
O sepultamento de Caio aconteceu no dia 28 de julho, às 11h, no Cemitério Israelita de Vila Rosali, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.