Moradores realizam um protesto contra demolição de imóveis no Complexo da Maré; Comércios foram fechados na comunidadeReginaldo Pimenta/Agência O DIA
Com início por volta das 10h, em um espaço próximo aos imóveis, o ato também contou com a participação de professoras e funcionários de empresas da região. Carregando cartazes, os profissionais pediram por mais segurança: "Protejam nossas escolas"; "A educação é o caminho para paz"; "A educação é a arma mais poderosa para salvar o mundo".
"O fechamento das lojas é uma forma de protesto de tudo que está acontecendo em nossa comunidade. Lembrando que as farmácias e padarias ficaram abertas a meia porta. Pedimos a todos os comerciantes e moradores ‘a se unir’ em forma de protesto", diz um comunicado que circulou nas redes sociais.
Os moradores, no entanto, negam qualquer envolvimento com a organização criminosa que domina a região. "Não existe condomínio do crime, aqui temos casas de moradores do bem. Maré pede paz!".
Serviços impactados
Com as operações sequenciais na Maré, escolas e clínicas da família tiveram o funcionamento afetado ao longo da semana.
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação, duas unidades estaduais, o Ciep 326 César Pernetta e o Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, que juntas atendem 1.424 alunos, não abriram desde a última segunda-feira (19). Apesar de completar cinco dias sem aula, a pasta informou que conteúdos pedagógicos perdidos serão repostos para evitar prejuízos aos alunos.
Já as escolas municipais, que chegaram a ser afetadas na última quarta-feira, com 24 unidades fechadas, funcionam normalmente desde quinta-feira (22). Segundo a Ong Redes Maré, ao todo 9 mil alunos foram prejudicados.
Com as aulas municipais mantidas, profissionais da educação chegaram a realizar uma manifestação em frente à prefeitura do Rio alegando que o protocolo de segurança não foi mantido.
Em relação à Saúde, nesta sexta (23) a Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva mantém o atendimento à população. Apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
"A abertura ou fechamento das escolas é conduzido pela Secretaria seguindo o protocolo Acesso Mais Seguro, em parceria com a Cruz Vermelha Internacional, o qual envolve critérios técnicos como o monitoramento permanente da situação em cada território e a atualização das forças policiais", disse em comunicado.
Ainda em nota, a SME respondeu que a dinâmica das operações policiais na Maré foi avaliada diversas vezes ao longo de cada dia desta semana com diversas atualizações. "Cada dia apresentou uma dinâmica diferente, razão pela qual a Secretaria, seguindo o protocolo, adotou procedimentos específicos de acordo com as especificidades ocorridas em cada um dos dias de operação policial", finalizou.
Ao todo, esse é o sétimo dia de operação na região contra lavagem de dinheiro do tráfico. De acordo com investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o Parque União vem sendo utilizado há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas.
Segundo a Polícia Civil, as ações no Parque União revelam uma estratégia da facção criminosa de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições.
Imóveis de luxo
Ainda no início das operações, os agentes localizaram imóveis de luxo que eram usados por traficantes. Dentre eles, duas coberturas, avaliadas em R$ 5 milhões, chamaram a atenção. Uma delas possuía dois andares, acabamento em mármore e porcelanato, além de uma grande área de lazer, com churrasqueira e uma piscina de 40 mil litros de água. O imóvel possuía vista privilegiada para a comunidade, para um campo de futebol e uma área onde eram realizadas festas.
Já a segunda era um quadriplex com acabamento de luxo, jacuzzi e closet, escadas com lâmpadas de led automático, além de uma piscina com cascata e churrasqueira. No térreo da unidade os agentes encontraram um quarto com dezenas de caixas de vinho e champanhe.
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