Operação no Complexo do MaréArquivo / Agência O DIA

Rio - Em seminário promovido pela Redes Maré nos últimos dias 27 e 28 de agosto, o Ministério Público Federal (MPF) defendeu a necessidade de reparação a estudantes em casos de operações policiais. O evento reuniu pesquisadores, moradores da comunidade, movimentos sociais e operadores do direito.

Na visão de Julio Araujo, procurador e representante do MPF no debate, a segurança pública deve ser pensada para a população que vive em áreas dominadas pelo crime. "Precisamos discutir o direito à educação segura dos estudantes que veem suas escolas fechadas e dias perdidos. Existe uma coletividade afetada pelas operações - uma coletividade determinada e específica - que também demanda segurança. E ela quer exercer seu direito à educação, mas à educação com segurança", declarou.

Segundo o professor e pesquisador Rogério Barbosa, que integrou a mesa, o Rio de Janeiro tem quase 1.500 escolas, sendo 575 estão em área de tráfico e 543 em área de milícias. Isso significa que 60% dos colégios estão vulneráveis e em áreas de grupo armado, colocando alunos em risco. "(...) Veja só, 103 mil alunos de ensino básico vivem em áreas de tráfico no Rio de Janeiro [capital], e 263 mil em áreas de milícia. Além disso, há mais menos 340 mil no entorno metropolitano. Então a gente está falando de quase 1 milhão de alunos de ensino básico vivendo em áreas dominadas por grupos armados", afirmou o especialista.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, ocorreram 832 ocorrências de operações policiais na capital, entre o início de 2022 e o primeiro semestre de 2023. A Polícia Militar diz que tiveram 532 operações em horário escolar, sendo a maioria na Zona Norte, enquanto números da Polícia Civil mostram que foram comunicadas 121 ações nesse período. 
Somente na última terça-feira (03), operações causaram o fechamento de 38 escolas no Complexo da Maré.