Rio - Os deputados estaduais Renato Machado (PT) e Renan Jordy (PL) discutiram durante a sessão plenária realizada nesta terça-feira (17) na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). O atrito aconteceu depois que o parlamentar de direita comparou pessoas de esquerda a escravocratas e senhores de engenho.
Na sessão, Jordy sugeriu aos demais deputados homenagear a cantora e apresentadora Jojo Todynho com a Medalha Tiradentes, a maior honraria da Casa. A artista recebeu críticas por parte dos seguidores, após ter participado de um evento no qual posou para fotos ao lado de nomes filiados ao PL do Rio de Janeiro, como Alexandre Ramagem, candidato a prefeito na capital, e Michelle Bolsonaro. Em seu discurso, Renan disse que gostaria de prestar solidariedade à cantora.
"Gostaria de prestar minha solidariedade à artista Jojo Todynho, que saiu da senzala ideológica da esquerda. PT, Psol, essa claque esquerdista do mais amor e menos ódio. Eles odeiam todos aqueles que pensam ao contrário, verdadeiros escravocratas do século XXI, senhores de engenho, capatazes de quem pensa contrário", disse.
Indignado, Renato Machado, que é filiado ao PT desde 2007, retrucou o deputado pedindo mais respeito ao outro parlamentar. Ele falou para Jordy o esperar fora da assembleia.
"Quando você se dirige à 'claque', está me incluindo. Você me respeite. Sou um cidadão de bem, pai de família, pastor evangélico e negro. Se você quer arrumar algum problema pessoal comigo, você arruma lá fora. Me espera lá fora, depois que acabar o plenário. Se quiser falar de pessoas, as pessoas nesta casa têm nome", afirmou.
"Eu compartilhei uma publicação sobre ela, chamei ela de traidora que é o que ela é. Porque assim: tem trans de direita, negro de direita, indígena de direita, tem tudo de direita. E faz parte do processo democrática, faz parte da democracia. Não é porque ela é uma mulher, negra, gorda, vinda da periferia que ela não pode ser de direita. Não é sobre isso. Mas, sabe qual a diferença dela para todas essas pessoas que eu citei agora? É que nenhuma delas usaram a agenda e a pauta das pessoas LGBT, dos seus direitos, para fazer trampolim para chegar até lá", discursou.
Jojo já tinha se pronunciado sobre ter sido chamada de traidora pela deputada: "Qual foi a bandeira que eu levantei? Pedir respeito não é levantar bandeira. Respeito é um dever de todos. Ninguém é obrigado a gostar, mas respeitar todo mundo é obrigado. Vocês querem falar da minha cor. 'Ah, como é que pode uma mulher preta...', mas como é que pode uma mulher preta ter se f*d*d* tanto e não ter ninguém para ajudar? Cadê vocês para me ajudar naquela época?. Uma tal de [Erika] Hilton colocou assim: 'Traidora. Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor'. Então, a sua educação não foi libertadora. Porque você está querendo me oprimir. Como que você quer me chamar de opressora, se você quer oprimir a minha opinião?", disparou.
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