Jovens fingem se atrasar para a prova do Enem, na Zona Norte do Rio, para viralizar nas redes sociaisArmando Paiva/Agência O Dia

Rio - Quanto vale viralizar na internet e ganhar 15 minutos de fama? Um grupo de 15 amigos fingiu um atraso no Enem para ganhar cliques e fama nas redes sociais. Durante a cena fake, os jovens disseram que saíram de Realengo, na Zona Oeste do Rio, para fazer o segundo dia de provas no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), no Maracanã, Zona Norte, neste domingo (10).
Em frente às câmeras de dezenas de veículos de comunicação que acompanhavam o movimento no segundo dia do exame, o grupo reproduziu a cena clássica nas edições do Enem, onde estudantes chegam após o fechamento dos portões. Muitos deles levaram as mãos à cabeça e fingiram chorar. A história contada por eles foi que o grupo fretou um ônibus e um dos amigos perdeu a hora e acordou às 11h, fazendo com que os demais se atrasassem. O DIA apurou que o grupo não foi ao local fazer a prova, mas gravar uma pegadinha para as redes sociais.
Fingir um atraso no Enem para ganhar cliques e viralizar nas redes sociais é uma prática que revela como o desejo por visibilidade pode ultrapassar limites de bom senso e responsabilidade. A atitude contribui para a banalização de um momento decisivo na vida de muitos jovens que sonham em ingressar em uma universidade. Por trás do humor e das brincadeiras, há a realidade de candidatos que, por poucos minutos, perdem uma chance que pode mudar o seu futuro.
Sonho de entrar na faculdade
Momentos antes do grupo aparecer no Cefet alegando ter perdido o Enem, o jornal O DIA conversou com mães e filhas que compartilham o mesmo sonho: entrarem juntas na universidade. A assistente social Vanessa Pimenta, de 43 anos, acompanhou as filhas Maria Fernanda, 21, e Maria Luísa, 19, no Enem. Com o sonho de cursar Direito, Vanessa decidiu se preparar junto com as filhas para enfrentar o desafio. Para Maria Fernanda, essa foi a terceira tentativa, enquanto Maria Luísa está na segunda.
"Nós decidimos fazer juntas, dar apoio uma para a outra", contou a mãe. "Fizemos um pré-vestibular social juntas e decidimos que íamos começar a fazer o Enem juntas. Eu pretendo ingressar em outra faculdade, minha mãe tem a vontade de fazer direito, fui incentivando e começamos todas juntas", completou Maria Fernanda.
Maria Luísa, a filha mais nova, compartilha a motivação que impulsiona a família a buscar o ensino superior. Para ela, ingressar na faculdade é mais do que um sonho — é uma necessidade prática para alcançar estabilidade financeira.