O caso ocorreu na unidade do Degase na Ilha do GovernadorReprodução/ Google Maps
Agentes de unidade feminina do Degase sofrem novos ataques: 'Medo de trabalhar'
Detentas arremessaram fezes e urina em duas funcionárias, ameaçando-as de morte em seguida
Rio - Duas agentes do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), na Ilha do Governador, Zona Norte, foram ameaçadas e atacadas com fezes e urina por internas do local. O caso aconteceu neste domingo (10), dois dias após uma funcionária ter sido mordida na mesma unidade. A rotina de quem trabalha no local é rodeada de medo.
As vítimas, responsáveis pela segurança da unidade, relataram que, ao entregar papel higiênico para duas adolescentes no alojamento, foram surpreendidas logo após virar de costas, sendo atingidas pelos dejetos. Logo em seguida, as duas internas começaram a proferir ameaças contra as funcionárias, frases como: 'Quando eu sair daqui, vou pegar uma faca no refeitório e matar vocês', 'Vai morrer', entre outros insultos.
"Está sendo muito difícil trabalhar lá. Eu estou vendo colegas ficando adoecidas, eu estou com medo de ficar adoecida. Estou com medo de trabalhar, e eu nunca fui assim. Nós estamos largados, Degase não está nem aí para a gente, cada vez que os anos passam, só vão piorando. Nós estamos trabalhando com medo! Eles não nos respeitam [internos]", desabafa uma das funcionárias, que preferiu não se identificar.
Esse é o segundo ataque, em menos de três dias, que as agentes sofrem no local. Sexta-feira passada (8), durante o horário de almoço, uma agente e a subdiretora da unidade foram atacadas por internas que, no dia anterior, haviam quebrado quatro alojamentos na unidade, durante uma rebelião. Uma das agressoras chegou a morder a agente na costela, deixando uma marca visível no local.
"Estamos vindo de uma semana muito conturbada. Temos muitas colegas que estão fazendo terapia, eu sou uma delas, também fui agredida no ano passado. Foi uma sensação horrível, fiquei muito abalada, fiquei afastada uns 20 dias do trabalho. Estamos inseguras, com dificuldades para lidar com essas situações, não tem um apoio da direção. Nesse caso do domingo, as adolescentes ficaram rindo, orgulhosas delas por terem feito aquilo. Isso deixou a gente muito abalado, foi muito difícil o trabalho. Na unidade feminina, ainda tem esse problema, porque é a única em todo o estado. Então, se tem algum tipo de problema como esse, se um adolescente me ameaça, me agride, eu vou ser obrigada a continuar convivendo com ela", detalha outra funcionária, que também preferiu o anonimato.
O Degase informou que as jovens estão sendo acompanhadas e orientadas por uma equipe especializada. "O Departamento informa ainda que todas as ocorrências em unidades são comunicadas ao Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública para que as providências cabíveis sejam tomadas", diz a nota.
O caso foi registrado na 37ª DP (Ilha do Governador). Procurada, a Polícia Civil não informou sobre as investigações. O espaço segue aberto.
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