Protestantes se reuniram contra a mudança de gestão de hospitais federais do RioMay Alves/SindsprevRJ

Rio - Servidores da saúde realizaram um protesto, na manhã desta quinta-feira (5), em frente ao Hospital Federal do Andaraí (HFA), na Zona Norte. O ato ocorreu após o governo federal e a Prefeitura do Rio assinarem um acordo que transfere a administração do HFA e Cardoso Fontes (HFCF) ao município. 

Cerca de 100 servidores estiveram em frente à unidade de saúde, com cartazes e uma faixa com os dizeres "Lula traidor". Além do ato de hoje, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio (Sindsprev/RJ) também marcaram outra manifestação na próxima segunda-feira (9), às 10h, em frente ao Cardoso Fontes, na Zona Oeste.

Segundo a auxiliar de enfermagem e dirigente do Sindsprev/RJ, Cristiane Gerardo, a municipalização dos hospitais é um "fatiamento de recursos públicos".

"Os parlamentares que fatiaram a rede indicando as direções estavam lá felizes e batendo palmas depois de zoarem a estrutura pública com suas disputas internas partidárias. Eles não conversaram com os funcionários [para a mudança], só conversam para pedir votos", desabafou.

O anúncio da municipalização das unidades foi feito nesta quarta-feira (4) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, e pelo prefeito Eduardo Paes durante uma reunião no Palácio do Planalto.

"Uma mentira contada cem vezes se torna verdade. Somos 7.257 servidores federais na rede do Rio, temos um déficit de mais de 8 mil trabalhadores. O orçamento do Hospital Federal do Andaraí é de cerca de 130 milhões, congelado há 10 anos. Do Cardoso é cerca de R$ 100 milhões igualmente congelado à 10 anos. Eduardo Paes e Soranz receberam R$ 760 milhões, mais que o triplo!", disse Cristiane.

Sobre a faixa contra o presidente, Cristiane afirmou que o chefe do Executivo traiu a classe ao optar pela municipalização após ter feito promessas na área da saúde durante a campanha.

"Ele [o Lula] fez uma plenária de saúde antes de se eleger e o compromisso não era esse, e sim fazer concurso público, reconstituir o conselho de gestão participativa e reestruturar as unidades. Ele nos traiu. O último concurso que tivemos foi em 2005. São 19 anos sem concurso e com o mesmo orçamento há 10 anos, com sucessivos parlamentares do PT fatiando as direções das unidades."

Entenda as mudanças

Com a mudança na gestão dos hospitais federais, será feito o repasse de R$ 150 milhões, sendo R$ 100 milhões para o HFA e R$ 50 milhões para o HFCF, para as providências imediatas. O valor será pago em parcela única, ainda em dezembro de 2024.

As mudanças fazem parte do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro, elaborado pela ministra Nísia Trindade. Além do HFA e do HFCF, outras duas unidades já iniciaram seu processo de reestruturação: os hospitais federais de Bonsucesso (HFB) e Servidores do Estado (HFSE).

A reestruturação permitirá que as unidades dobrem a capacidade de atendimento ambulatorial e voltem a ter as emergências com funcionamento pleno. O cronograma de intervenções prevê, até o primeiro semestre de 2026, obras para a reabertura das emergências, reforma das enfermarias dos setores, dos andares fechados e do serviço de oncologia, modernização dos centros de imagem, do parque tecnológico e dos elevadores e construção da nova cozinha do Andaraí – fechada há mais de dez anos.

A expectativa é de que, juntos, os dois hospitais realizem 500 atendimentos de emergência por dia, sendo 300 no HFA e 200 no HFCF. O plano de trabalho prevê ainda a recomposição da força de trabalho e ampliação de 30% dos recursos humanos.

Os investimentos permitirão o funcionamento de 700 leitos no total. Atualmente, o HFA possui 304 leitos -, porém, apenas 169 estão ocupados – e chegará a 450. Já o HFCF possui 182 leitos, com 111 ocupados, hoje, e chegará a 250. Na prática, haverá um incremento de mais de 400 leitos.

O centro de imagens do HFA ganhará um equipamento de ressonância magnética, instalação de novo tomógrafo e reforço para o serviço de CPRE. Também haverá aumento de procedimentos oncológicos no setor de imagens. A previsão é triplicar os exames e procedimentos realizados. No HFCF, os dois tomógrafos serão colocados em funcionamento. Atualmente, apenas um está funcionando.

Metas

Hospital do Andaraí - a produção atual é de 83 mil procedimentos por ano e a previsão para o ano de 2026 é chegar a 167 mil. O hospital conta com 2.560 profissionais e passará a ter 3.320.

Hospital Cardoso Fontes - produz atualmente 153 mil procedimentos por ano com estimativa de chegar a 306 mil em 2026. A unidade possui 2.006 funcionários com expectativa de ampliar para 2.600.