Emocionado, Sandro Alves, pai de Kamila Vitoria, pediu justiça pela morte da filhaReginaldo Pimenta/Agência O Dia
"(As últimas palavras) foram "pai, pai" e eu falei: "não minha filha, fica aí abaixada", ela sentou na quadra e depois se deitou e ela (chamou): "pai, pai" e eu: "não vem, não, fica aí". Mas, não deu para ir até ela, porque estava 'correndo' muito tiro, depois que acabaram os tiros, fomos perto dela, eu e os vizinhos, e socorremos ela, botei dentro do carro e levei ela para o hospital. (No trajeto dentro do carro) eu lembro que ela só gemia e quando ela queria dormir, eu e a vizinha dizíamos para ela não dormir e 'balançava' ela", relembrou Sandro.
O pai diz que Kamilia era dedicada aos estudos e, muito ativa, estava ansiosa para uma competição de vôlei do time da igreja, do qual havia passado a fazer parte recentemente. O pedido de Natal da menina foi simples: apenas uma joelheira para usar na disputa. O promotor lembrou que o último momento de diversão da família ocorreu na quarta-feira (4), quando saíram para comprar um presente de amigo oculto da escola. Na ocasião, eles registraram uma foto da filha com a irmã de cinco meses, em uma decoração natalina. O promotor ainda lamentou que a criança não vai realizar o sonho de se tornar médica veterinária.
"Ela gostava muito de brincar com as amigas, ela brincava sempre na quadra. Queria ser veterinária, gostava muito de bicho (…) Era uma boa garota, uma menina nota 10. Ia para a escola de manhã, à tarde ia para a explicadora, de noite ficava estudando. Ela entrou no grupo jovem da (igreja) Universal de vôlei e disse: "pai, vamos disputar um campeonato, mas eu não sei jogar", e eu disse: "calma, minha filha, você entrou agora, vai aprender". Ela pediu uma joelheira de Natal para jogar vôlei e disputar o campeonato, o único presente que ela pediu. Não deu tempo de comprar o presente para a minha filha", desabafou.
Os pai e a mãe de Kamila são de Sergipe e do Maranhão, respectivamente, mas moravam no Rio de Janeiro desde 2009. Sandro afirmou que a mulher costumava pedir para que eles voltassem para o Nordeste, por conta da violência, mas ele nunca quis, porque acreditava que o futuro da família estava na capital fluminense. O promotor de vendas fala que agora tem dificuldade de entrar na própria casa e encontrar os pertences e lembranças da filha. Emocionado, ele pediu justiça pela morte da criança.
"Nós estamos todos abalados pelo acontecimento, minha esposa era muito apegada a ela. É muito difícil, porque ver a imagem dela quando chegar em casa, nosso quarto é praticamente no quarto dela, ver as coisinhas dela é muito difícil. Eu sou sergipano e ela (mulher) é maranhense e sempre dizia: "Sandro, vamos embora daqui", eu dizia que aqui era nossa futuro, eu trabalho, você trabalha. Ela sempre pedia (para ir embora), então, com certeza agora a opção da mãe dela é de ir embora daqui. O sentimento agora é o de todos: justiça. Mas, vamos deixar tudo na mão de Deus".
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), os agentes ouviram parentes e estão em busca de mais informações para identificar a origem do disparo que atingiu a vítima e esclarecer as circunstâncias dos fatos. O corpo de Kamila será velado no sábado (7), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte, às 14h. O sepultamento está marcado para as 16h.
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