Rio - Dois dias depois da Águas do Rio garantir que o fornecimento havia normalizado no Rio de Janeiro, moradores de diversas regiões da capital e da Baixada continuam relatando desabastecimento e inconstância no serviço. Há reclamações de falta d'água no Santo Cristo, Zona Portuária do Rio; Catumbi, Olaria e Tijuca, na Zona Norte; Mesquita e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
"De novo acabou a água de Olaria! A água não é de graça. Falta de respeito absurda!"; "E a água na Tijuca? Já abri várias ocorrências, solicitei prioridade e vocês não fazem nada! Estou há 12 dias sem nenhuma gota d’água, e vocês não dão nenhuma assistência"; "Estamos no 7º dia consecutivo sem o abastecimento de água no bairro do Santo Cristo. Porém, desde o dia 19/11 estamos com o abastecimento reduzido", foram algumas das mensagens direcionadas para a concessionária nesta sexta-feira (6).
A situação pode ficar ainda mais crítica para moradores de Duque de Caxias. Segundo a Águas do Rio, no início da manhã de sábado (7), haverá a suspensão do fornecimento de água tratada em Campos Elíseos, para a execução de uma ação de melhoria no sistema de abastecimento local.
"Equipes farão uma interligação entre duas tubulações na Avenida Visconde de Itaúna, próximo à estação de trem de Jardim Primavera. O objetivo é equalizar as pressões no sistema, contribuindo para uma redução dos casos de vazamentos e um abastecimento mais regular, além de maior oferta de água, principalmente em áreas localizadas nas extremidades das redes de distribuição", explicou a concessionária.
Após a conclusão do serviço, prevista até às 18h, o abastecimento será normalizado, de forma gradativa. Para moradores desta região, a concessionária orienta os clientes a reservarem a água de cisternas e caixas d’água para atividades essenciais.
Concessionárias deram explicações para o Procon e Sedcon
Representantes da Águas do Rio, Iguá e Rio Mais Saneamento, concessionárias responsáveis pelo abastecimento de águas no estado do Rio, e da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Rio de Janeiro (Agenersa) estiveram na sede da Secretaria de Defesa do Consumidor (Sedcon) na tarde de quinta-feira (5). Na reunião, as concessionárias tiveram que dar explicações sobre os episódios recentes de falta d’água em diversas regiões do estado e a respeito de cobranças indevidas a consumidores.
No encontro, a Sedcon e o Procon-RJ propuseram a criação de ações preventivas para que a população não seja pega de surpresa em episódios de falta d’água. O secretário de Defesa do Consumidor, Gutemberg Fonseca, propôs a criação de uma central de atendimento única e integrada com a participação dos órgãos de defesa do consumidor do estado, a fim de pensar estratégias para resolver os problemas de modo mais imediato e minimizar momentos críticos.
Gutemberg Fonseca levantou a necessidade das concessionárias se comunicarem com a população de modo mais claro a fim de que os consumidores possam se programar para momentos críticos com mais facilidade. Ele sugeriu ainda a criação de campanhas publicitárias das empresas em conjunto com os órgãos públicos que traduzam para os consumidores de modo mais eficiente os problemas de abastecimento, quando houver, seus motivos e as soluções.
Representantes das empresas também deram explicações sobre as localidades mais afetadas, onde ainda falta água e os motivos. Descreveram cada problema enfrentado pelas concessionárias para o atraso na regularização, como acidentes e vazamentos em diversos bairros do Rio e Grande Rio e explicaram que o atraso nas manutenções programadas foi devido, em grande parte, a alguns desses incidentes.
Um termo de notificação foi entregue aos representantes das concessionárias para que seja fornecido um "relatório detalhado das reclamações dos consumidores recebidas através dos canais de comunicação referente à suspensão do fornecimento de água no período de 27/11/2024 até 05/12/2024, devendo conter a quantidade de reclamações discriminadas por bairro/município, bem como o tratamento dado a cada uma delas e as providências necessárias à efetiva solução do problema", conforme consta no texto do documento.
O relatório será enviado para a Agenersa, Ministério Público do Rio e para a Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj para verificar se houve alguma falha de prestação de serviço ou algum tipo de omissão.
Ao final do encontro, foi assinada uma ata por todos os representantes presentes formalizando os compromissos assumidos durante a reunião.
Ações em defesa dos consumidores
A Secretaria e a Autarquia de Defesa do Consumidor ingressaram judicialmente nesta quarta-feira (4), com uma Ação Civil Pública contra a Águas do Rio pelos danos causados aos consumidores com o rompimento da adutora em Rocha Miranda.
A Ação pede indenização pelos prejuízos causados por danos morais e materiais para os afetados pelo acidente, custeio de tratamentos médicos imediatos a quem teve a saúde prejudicada pelo incidente e, ainda, indenização por danos morais coletivos, no valor de R$ 1 milhão, a ser revertida ao Fundo de Proteção do Consumidor, que propicia recursos para a defesa dos consumidores do Estado do Rio de Janeiro.
O DIA questionou a Águas do Rio sobre a situação nos bairros citados na reportagem, mesmo após a normalização do serviço. Em nota, a concessionária informou que todas as redes de abastecimento da Baixada Fluminense e da Capital estão em operação. "A concessionária enviará equipes para checar pontualmente cada endereço informado sobre falta de água. Vale lembrar que a empresa está à disposição dos clientes por meio do 0800 195 0 195, que funciona para ligação e mensagens de WhatsApp", disse.
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