Rio - As famílias da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes se reuniram, nesta quinta-feira (5), com o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos. O encontro serviu para fazer um balanço da atuação do Ministério Público do Rio (MPRJ) no caso e atualizar os familiares sobre o recurso interposto pela instituição que busca aumentar a pena dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
Em outubro, o Tribunal do Júri condenou Lessa a 78 anos de prisão e Élcio a 59 anos pelo assassinato de Marielle e Anderson. Além disso, eles também foram responsabilizados pela tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora da vereadora, e pela receptação do carro utilizado no crime. Eles também devem pagar R$ 706 mil de indenização para os parentes de Anderson e Marielle.
A Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/FTMA) requer, para ambos, pena máxima para os dois homicídios e pelo tentado: 30 anos para Anderson, 30 para Marielle, 20 para Fernanda (80 no total) e mais dois anos pela receptação do Cobalt utilizado no dia do crime.
No documento encaminhado ao IV Tribunal do Júri, o GAECO/FTMA destaca a necessidade de revisão das penas, sob o argumento de que aspectos fundamentais relacionados à gravidade dos crimes, como a repercussão internacional e o modus operandi, não foram considerados adequadamente na sentença de primeira instância.
Entre os pontos apresentados pela Força-tarefa estão: o uso de arma automática e silenciador, a emboscada planejada no Centro do Rio e a destruição de provas pelos acusados. Além disso, os promotores de Justiça ressaltaram a comoção global gerada pelo caso, que impactou negativamente a imagem do Brasil no cenário internacional.
A apelação também requer maior rigor na dosimetria das penas, incluindo a revisão da tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que sobreviveu ao ataque, e a ampliação da punição pelo crime de receptação do veículo utilizado no crime.
Processo contra ex-bombeiro
Durante a reunião, as famílias também receberam informações sobre o andamento do processo contra o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, que será julgado pelo Tribunal do Júri. Os promotores de Justiça explicaram que as contrarrazões ao recurso já foram anexadas aos autos e que agora aguardam a definição da data para o julgamento.
Marinete Silva, mãe de Marielle, destacou que, após tantos encontros na sede do MPRJ, a reunião desta quinta-feira teve um significado especial. "Depois de seis anos, sete meses e sete dias, ver alguém ser condenado e reconhecer o trabalho da instituição é extremamente significativo. Ouvir os agradecimentos de cada um pessoalmente tem um peso enorme. Não poderíamos imaginar um resultado diferente, dada a confiança e o acolhimento que recebemos. Nunca desistimos e, hoje, celebramos com gratidão", disse Marinete, ao lado de Antonio Francisco e Luyara Santos, pai e filha de Marielle.
"Esta reunião com o procurador-geral, a equipe do GAECO e as famílias reforça a importância do acompanhamento contínuo do caso. Somos gratos por toda atenção e dedicação, sabendo que ainda há outros desdobramentos, e confiamos no empenho de todos", comentou Ágatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes.
A reunião contou ainda com a presença do coordenador do Gaeco/MPRJ, o promotor de Justiça Fábio Corrêa; do coordenador e dos integrantes da Força-Tarefa Marielle Franco e Anderson Gomes, Eduardo Morais, Paulo Mattos e Mário Lavareda; da coordenadora do Núcleo de Promoção dos Direitos das Vítimas, procuradora de Justiça Patrícia Glioche; e dos defensores públicos André Castro e Fábio Amado.
Por fim, o procurador-geral Luciano Mattos agradeceu às famílias pela confiança no trabalho do MPRJ. "Hoje, tivemos a oportunidade de discutir todos os aspectos do caso e o encerramento deste ciclo, que ocorre no final da minha gestão. Realizamos mais uma reunião de acompanhamento, revisando todas as questões pendentes. A nossa principal mensagem é de agradecimento à família que, em todos os momentos, demonstrou grande confiança no trabalho do Ministério Público", afirmou
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.