Homem morreu ao ser baleado durante uma tentativa de assalto na Rua GuatemalaReprodução

Rio - Moradores e motoristas que passam pela Penha, na Zona Norte do Rio, convivem diariamente com o medo e a sensação de insegurança que vem tomando conta do bairro. A quantidade de assaltos a carros na região quase dobrou este ano se comparado a 2023, o que gera reclamações e demanda por policiamento. 
Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) mostram um aumento de 86% nos roubos de veículos em 2024 no bairro. Entre janeiro e outubro de 2024, 496 automóveis foram levados por bandidos — número superior aos 267 no mesmo período do ano passado.
O genro de Pedro Paulo Ferreira, de 56 anos, é uma dessas vítimas. Na noite de domingo (8), ele teve seu carro roubado na Rua Nicarágua, próximo à Rua Montevidéu, por um grupo de criminosos armados com fuzis. Em entrevista ao DIA, Pedro Paulo contou que estava no veículo com a filha e o genro quando os bandidos anunciaram o assalto.
"Estávamos em uma reunião de família e fomos embora por volta das 20h. Quando entramos na Rua Nicarágua, três carros nos pararam, um na frente, outro do lado e outro atrás, e saíram todos de fuzil. Foram em direção ao motorista e mandaram todos saírem. Poderíamos não estar mais aqui", desabafou.
Na mesma noite e a poucos quilômetros de onde a família de Pedro Paulo foi assaltada, Steve Nascimento morreu ao ser baleado durante uma tentativa de assalto. Na ocasião, a vítima chegava para uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Cabeça, na Rua Guatemala. Nascido e criado na Penha, Pedro afirma que moradores estão assustados com a crescente violência no bairro.
"Essa área está largada, principalmente à noite. Durante o dia, quando os bares e restaurantes estão abertos, a polícia aparece. Mas na hora que realmente precisa, não tem ninguém. Estamos muito inseguros. Minha filha e meus netos estão evitando de sair à noite. É uma sensação de abandono", lamentou.
Pedestres e até cabos de energia também são alvos constantes dos bandidos. Augusto Ferreira vive na Penha há pouco mais de um ano e contou que já testemunhou roubos próximos de casa. O jornalista, de 21 anos, reforçou que a falta de policiamento preocupa os moradores.
"De noite é muito largado, não vejo nenhuma viatura na rua. Sempre volto para casa por volta das 21h e já está tudo deserto. Mesmo com a megaoperação recente há muitos assaltos, tanto de veículos quanto de pedestres, além do furto de cabos", relatou.
Na semana passada, o Complexo da Penha foi alvo uma megaoperação das polícias Civil e Militar contra roubos de veículos e cargas. Na ocasião, 900 agentes atuaram na comunidade e prenderam 13 suspeitos, além de apreenderem uma tonelada de drogas. A ação, que resultou em um intenso tiroteio, fazia parte da Operação Torniquete.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou que tem intensificado o policiamento nas ruas. Como parte dessa estratégia, a PM criou o Batalhão Tático de Motociclistas (BTM), que atua com 210 motocicletas, dando mais agilidade e dinamismo ao policiamento ostensivo. Além de ter redirecionado cerca de 1.100 policiais das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) para atuarem nas ruas.
A PM reforça, ainda, que prendeu mais 27.700 criminosos e apreendeu cerca de 4.400 adolescentes envolvidos em práticas criminosas neste ano de 2024. No mesmo período, os militares apreenderam em torno de 5.700 armas, incluindo mais de 600 fuzis.
Também questionada sobre o assunto, a Polícia Civil informou que, por meio de suas delegacias especializadas e distritais, investiga e monitora a ação de grupos criminosos na região. A instituição destacou que atua de forma integrada com a Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo, para coibir a prática desses delitos e que agentes realizam diligências para identificar e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos.
*Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Thiago Antunes