Moradores que costumam se exercitar na ciclovia do Maracanã, na Zona Norte, relatam insegurançaDivulgação/Prefeitura do Rio
Onda de assaltos no entorno do Maracanã preocupa moradores e esportistas
Praticantes de exercícios físicos dizem que os roubos têm acontecido com frequência nas primeiras horas da manhã
Rio - O entorno do estádio do Maracanã, um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro, tem se tornado motivo de preocupação para os cariocas. Conhecido por atrair corredores, ciclistas e famílias, principalmente depois da revitalização, o local enfrenta uma crescente onda de assaltos. Somente na manhã desta terça-feira (17), pelo menos duas pessoas foram abordadas por criminosos, antes das 8h, enquanto praticavam exercícios físicos.
O influenciador e professor de Educação Física Pedro Paulo Amorim, de 32 anos, esteve na pista de corrida do lado externo do Maracanã, nesta manhã, e compartilhou um vídeo nas redes sociais denunciando a ausência de policiamento. Ele faz um apelo por reforço na segurança pública.
Segundo o relato do influencer, um homem foi abordado por um criminoso em uma moto e anunciou o assalto. O caso aconteceu por volta das 5h10. A vítima, que não estava com nenhum objeto de valor, reagiu empurrando o bandido. "Acabou de ter uma tentativa de assalto aqui do lado do Museu do Índio. O rapaz empurrou a moto, ele estava sem celular, sem nada, não aconteceu nada com ele por muita sorte", disse.
Aos 497 mil seguidores, Pedro Paulo, conhecido por incentivar as pessoas a praticarem exercícios nas ruas, pediu por segurança. "Galera, a gente precisa de policiamento aqui, não tem nenhum policial. Vem uma moto e faz a limpa". Assista ao vídeo:
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, a Grande Tijuca registrou 2.073 roubos e 3.773 furtos de janeiro até outubro deste ano, representando um aumento de 75% e 12%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.
A pessoa que sofreu a tentativa de assalto foi o médico Emanuel Simoes Júnior, membro da Nova Tijuca Associação Empresarial e de Moradores. Ao DIA, ele contou que o criminoso disse que iria matá-lo se não entregasse os pertences.
"Estava correndo na proximidade da entrada da passarela, em frente ao Museu do Índio. O cara veio por trás, de moto, e me chamou dizendo que queria o meu celular. Disse que se eu não desse o celular ele iria me matar", detalhou.
Para Emanuel, o entorno do Maracanã está abandonado pelas autoridades. "Eu corro no Maracanã há anos nesse horário. Durante a época dos jogos até havia mais regularidade em uma viatura estacionada, mas há 2 semanas não vejo mais nenhuma. Há uma cabine de polícia na Canabarro x Mata Machado, porém está fechada há anos. Dito isso, acho o entorno do Maracanã abandonado. Nas proximidades é meio cada um por si", desabafou.
Uma seguidora do professor Pedro Paulo contou que duas horas depois do ocorrido, uma outra onda de assaltos aconteceu no mesmo local. "Moro bem próximo ao Maracanã e às 7h30 de hoje passou uma menina por mim correndo dizendo que estava tendo assalto bem na esquina da Avenida Maracanã. Pelo visto, continuaram no local, já que não dá em nada para eles".
A moradora de Piedade, na Zona Norte do Rio, Samara Moraes, conta que estava correndo ao redor do Maracanã quando foi assaltada próximo à rampa que dá acesso à estação de trem, na manhã de domingo (15). "Antes de ontem fui assaltada aí ao redor do Maracanã. Acredite se quiser, voltei para procurar a polícia ou achar os moleques… um deles já estava na rampa e me devolveu o telefone", disse a vítima.
Uma estudante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro conta que os assaltos no campus do Maracanã são constantes, dia e noite. "Estudo na UERJ e todo dia tem assalto na rampa e nos entornos da faculdade que é ao lado do Maracanã. É um absurdo o que estamos vivendo, de manhã, de tarde e de noite. Pedimos policiamento e é em vão! Estão esperando acontecer coisas piores para tomarem medidas?", indaga a jovem.
Ao DIA, o Jaime Miranda, presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Grande Tijuca, diz que os moradores estão com bastante medo e que os vídeos de violência no bairro, compartilhados nas redes sociais, fazem o sentimento de insegurança ser ainda maior. Ainda de acordo com Jaime Miranda, o Conselho Comunitário conta com membros do 6º BPM, além de delegados do 18ª DP (Praça da Bandeira), 19ª DP (Tijuca) e 20ª DP (Vila Isabel). "O assunto primordial é quase sempre segurança", disse.
O dizem as autoridades
A Polícia Civil diz que investiga a ação de grupos criminosos na região e realiza ações, em conjunto com a Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo, para coibir a prática dos delitos. "Diligências estão em andamento para identificar e responsabilizar todos os envolvidos", informou por meio de nota.
O 6º BPM (Tijuca) informou que, em novembro deste ano, o batalhão ficou na primeira colocação na redução de roubos de veículos e em quarto lugar no quesito redução de roubos de rua no estado do Rio de Janeiro. A reportagem também procurou a PM questionando se a corporação possui algum planejamento específico para coibir a violência nesta região.
Segundo a corporação, o policiamento é realizado em todo o entorno do Maracanã, com viaturas e motopatrulha. "Há também reforço dos Programas Segurança Presente e Bairro Presente em horários específicos. O comando do batalhão estuda de forma estratégica o reforço com viaturas para os horários citados na região", disse. Ainda por meio de nota, a PM ressaltou a importância do acionamento das equipes para casos imediatos através da Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias.
A Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) disse que atua na coerção a delitos mediante flagrante, em apoio às forças policiais. "Quando há o flagrante, os suspeitos são encaminhados para a delegacia da região. Casos de crimes envolvendo emprego de arma de fogo são de atribuição da Polícia Militar", destacou a corporação.
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