Caso é investigado pela 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, localizada em Nova IguaçuArquivo / Renan Areias / Agência O Dia

Rio - A Corregedoria da Polícia Militar abriu uma investigação contra um policial militar acusado de ameaçar a mãe e o irmão depois de uma confusão, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Segundo a denúncia, o agente Alexandre da Rocha Silveira, lotado no Programa Segurança Presente, teria ameaçado agredir e até matar os familiares.
Em relato ao DIA, Nilza Pereira da Rocha, de 70 anos, mãe do PM, contou que as ameaças foram realizadas após ela se envolver em uma discussão com duas inquilinas do filho. A residência onde a idosa mora, no bairro Vila de Cava, foi dividida em duas após a separação com o seu ex-companheiro, pai do agente. De acordo com Nilza, depois da morte do homem, Alexandre teria se apossado da casa do pai e alugado o imóvel para as mulheres.
A idosa contou que, na última segunda-feira (23), houve um desentendimento na residência porque as inquilinas do filho começaram a xingá-la. Policiais militares foram acionados e a situação apaziguada. Contudo, uma das mulheres chamou Alexandre para o local, gerando uma nova confusão.
"Elas começaram a me xingar porque a pessoa que eu aluguei a minha casa estava entrando pelo corredor e elas não queriam. Fui no corredor e perguntei o que tinha feito para elas, dizendo que aquilo me pertencia e falaram que não queriam saber, pois quem mandava ali era o Alexandre. Eu falei que ele não mandava em nada. Uma delas foi descendo e eu corri para dentro de casa, pois tinha que me defender, moro sozinha, e peguei o facão. Elas voltaram e chamaram a polícia. Quando o policial veio aqui, as testemunhas disseram que elas já faziam isso há muito tempo. Então, ela falou que ia chamar o Alexandre", contou Nilza.
Após o PM chegar que as ameaças teriam sido realizadas. Segundo a idosa, o policial teria levantado a mão para dar um tapa em seu rosto e teria ficado aguardando seu outro irmão no local, o ameaçando de morte. 
"Ele chegou gritando dizendo que eu não ia entrar mais aqui. Quando abri o portão, ele veio pra cima de mim com a mão na cintura como se tivesse com uma arma, além de estar com o dedo na minha cara. Falei que só estava faltando me bater e ele falou que não ia demorar muito não, levantando a mão pra mim. Ele veio com tudo e foi quando ele tentou me agredir. Tentou dar um tapa na minha cara. Ele ameaçou com a mão e ficou aqui na rua dizendo que ia matar o irmão, meu outro filho. A polícia só pegou ele aqui porque ele ficou esperando o irmão chegar", comentou.
Depois da confusão, Nilza disse que ligou para o 190 enquanto foi em direção ao DPO de Vila de Cava. De acordo com ela, os policiais a atenderam, levaram-na de volta para casa, onde o filho ainda estava, e de lá conduziram todos para a 58ª DP (Posse). Contudo, o caso não foi registrado porque, segundo a idosa, os policiais não enxergaram motivos para isso depois de conversarem com Alexandre.
"Vieram falar comigo que não aconteceu nada, que não teve agressão. Eu falei que iam esperar o meu filho me agredir, me tirar sangue, para tomar alguma atitude. Queria pelo menos ter uma protetiva para ele não pisar mais aqui enquanto eu estiver. Não aguento mais isso. Morro de medo. É meu filho, mas vivo desse jeito. Fico dentro de casa trancada com medo. Eu dividi em dois cômodos para ter o recurso. É o aluguel dessa casa que me ajuda. Ele não tem que se meter na minha vida e na minha casa, mas tem que ser tudo do jeito dele", completou.
O caso foi registrado pela idosa na 3ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) na última quinta-feira (26). Para Andreza da Rocha Silveira, de 40 anos, filha de Nilza e irmã de Alexandre, a situação toda fica difícil de ser resolvida, pois o irmão é um policial influente na região.
"Já é a segunda vez que ela (Nilza) registrou uma queixa contra ele pelo mesmo motivo. Da primeira vez não deu em nada. É uma situação muito difícil porque como ele é uma pessoa muito conhecida, nós ficamos sem saber o que fazer. Todos os recursos que procuramos, por ele ser conhecido e policial há muitos anos, acaba que não dá em nada. Obviamente, temos receio. Quando houve a confusão, minha mãe não chamou nem eu nem meu irmão porque ficou com medo, já que ele disse que mataria meu irmão. A gente só soube depois. Desde que o meu pai morreu, que ele começou a ficar com o domínio das coisas, ele ficou bastante agressivo. Por isso que todo mundo se afastou dele. Eu não tenho contato com ele há muitos anos", explicou.
A reportagem entrou em contato com Alexandre, mas o policial não quis se manifestar sobre o assunto no momento.
Investigação
A 3ª DPJM, ligada à Corregedoria da PM, está realizando diligências para averiguar a denúncia. Um Inquérito Policial Militar será instaurado para apurar a veracidade dos relatos apresentados.
A Superintendência da Operação Segurança Presente disse que está acompanhando a investigação. O órgão destacou que reforça seu compromisso com a transparência e ressaltou que, assim que houver atualizações sobre o caso, as medidas administrativas cabíveis serão tomadas, conforme determinação legal e ética.
Questionada sobre o motivo de não ter registrado a situação na 58ª DP, a Polícia Civil ainda não respondeu. O espaço está aberto para manifestação.