Rio - Cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por envolvimento com obras da milícia no Itanhangá, Zona Oeste do Rio. Um miliciano, um engenheiro civil, dois construtores e o proprietário da retroescavadeira utilizada para cometer os crimes vão responder pelo crime de associação criminosa.
Segundo o grupo da Força-Tarefa de Enfrentamento à Ocupação Irregular do Solo Urbano, do MPRJ, a quadrilha realizava e lucrava com intervenções ilegais e degradação ambiental na área do Condomínio Nova Itanhangá, localizado na Avenida Engenheiro de Souza Filho, nº 613. A região é controlada pela milícia.
Em dezembro de 2024, o Gaeco ajuizou uma ação civil pública contra o município do Rio de Janeiro, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Condomínio Nova Itanhangá, a Iguá Rio de Janeiro e quatro pessoas físicas, pelos mesmos fatos.
De acordo com a denúncia, os investigador são responsáveis pelas intervenções ambientais que resultaram em mais de 1.000 m² de degradação, incluindo aterros dentro do espelho d'água da Lagoa da Tijuca e a supressão de vegetação nativa, abrangendo áreas de mangue e mata que foram desmatadas e aterradas.
As obras destruíram o manguezal e modificaram uma área de preservação permanente, burlando perícias técnicas ambientais. A denúncia destaca que o local é área de relevante valor ambiental por ser Bioma da Mata Atlântica e habitat natural de espécies que se encontram no rol de animais ameaçados de extinção, como o jacaré-de-papo-amarelo.
Os promotores de Justiça explicam que a prefeitura do Rio já havia declarado o "condomínio" como loteamento irregular e embargado a construção de um prédio residencial no local, mas as obras continuaram agravando os danos ambientais. Apesar de realizar uma operação em conjunto com o Batalhão da Polícia Militar, o INEA devolveu a retroescavadeira apreendida aos próprios integrantes da milícia.
À época, a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) fez sobrevoo de drone na localidade para confirmar a continuidade dos danos ambientais e foi acionado o Comando de Polícia Ambiental, que abriu mias um boletim de ocorrência.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou, nesta quinta-feira (16), que, até o presente momento, não foi notificado na ação civil pública. A Iguá também informou que não foi notificada sobre a ação. "A concessionária reitera que responderá às autoridades nos fóruns adequados, respeitando os prazos estabelecidos", disse por meio de nota.
A reportagem de O DIA tenta contato com os demais citados no texto.
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