Em cada capítulo, uma história de superaçãoPriscila Sousa / Editora IMulheres
Sócia de Karla Fassini há cerca de um ano e meio, Debora Farias trabalhou com carteira assinada durante 32 anos. "Sempre trabalhei com gestão empresarial no mundo corporativo. Gestão de pessoas, central de atendimento, fui para o mercado financeiro e o de entretenimento, mas sempre com CLT. No final, eu estava como gerente de projetos de uma Telecom que é completamente diferente. Depois do último emprego, no qual fiquei 14 anos, resolvi tirar o famoso ano sabático, pois eu achava chique. Queria ver Netflix, curtir, mas a Karla não deixou", diz ela, que sempre gostou muito de escrever, leu todos os textos do livro e ficou responsável pela edição e como mentora. Hoje Débora não se vê com carteira assinada. "Você apoia, opina, conduz, em projetos, desenvolve, faz estratégia e vê o financeiro. Embarquei muito mais de perto na editora. Muito feliz, na verdade, com essa realização porque uma coisa que eu nunca imaginava na minha vida era que eu poderia produzir, fazer parte de uma editora e lançar um livro", vibra.
Na publicação, cada capítulo é escrito por 15 mulheres com histórias interessantes e especiais. Saiba um pouquinho sobre cada uma delas.
BETH BASTOS – Sempre trabalhou na área comercial e aos 31 resolveu se reinventar fazendo faculdade e pós-graduação de turismo. Sempre se dividiu entre São Luís do Maranhão e o Rio de Janeiro, onde voltou a morar quando o pai ficou doente. Passou a fazer alguns eventos e chegou a ser filhinha do papai aos 40 anos, ganhando até mesada. Ele faleceu em 2022 e as facilidades acabaram, voltando para o mercado de trabalho. Teve alguns percalços na vida pessoal, mas nunca desistiu, e passou a frequentar eventos de mulheres empreendedoras. "Eu sou uma pessoa muito positiva. Minha mãe costuma dizer que eu não tenho memória. Porque tudo de ruim eu esqueço. Não trago nada ruim comigo. Esqueço, realmente".
CARLA TAVARES – Professora da Universidade de Comunicação Getúlio Vargas e CEO do aplicativo Lady Driver. "Na verdade, foi o meu entendimento de uma história muito difícil que, pela primeira vez, acessei o que chamei de sofrimento. Eu tinha 44 anos na época. Foi o final de um casamento que era, na minha visão perfeita e terminou com traição por parte dele e gravidez de outra mulher. Sempre fui muito calcada pelo ego e depois de entender minha vida, hoje posso ajudar outras mulheres. E atuo como consultora de políticas públicas para mulheres em Niterói porque sofri a violência psicológica e moral".
CLAUDIA VILLAS BOAS – Jornalista afirma que: "Participar do livro foi realizar um sonho, não sonhado. Sempre escrevo sobre histórias de outras pessoas, não foi fácil relembrar fatos que marcaram minha vida. Foi doloroso, mas necessário. Uma catarse!", que atualmente colabora para a coluna Informe do DIA.
DAIZE LIMA - Egressa do mercado corporativo, seu empreendedorismo está na atividade de produção audiovisual e projetos culturais, participa de editais e trabalha com outros os produtores, escrevendo projetos e dando consultoria. Em seu capítulo, ela faz uma reflexão remetida a Carl Jung: "Nascemos originais e morremos cópia" Passou muito tempo pensando a respeito e começou a exercitar. "Olhei para dentro e disse, quem eu sou? O que eu desejo ser? Não é o que está à minha volta, é o que está dentro de mim, o que eu ouço, o que me leva a resgates emocionais. E foi assim que eu descobri, achei a resposta e comecei a praticar isso na minha vida. E foi essa a minha transição de carreira. Então eu saí do meu corporativo, sou uma mulher aposentada e aos 54 anos eu comecei a estudar audiovisual".
FERNANDA BRAGA – A agente de viagens tem uma veia de empreendedora desde sempre que foi aflorada com a pandemia, quando ela e a mãe passaram a fazer geleia e licor para vender e não pararam mais. No livro, Fernanda resolveu falar em seu capítulo sobre o luto. Ela viveu com ele por 14 anos e há oito ficou viúva. "Nós éramos companheiros de viagens. Éramos turistas profissionais e estivemos em 47 países.", diz ela que explica porque resolveu falar sobre luto. "Quis dar dicas para as pessoas. Todo relacionamento é maravilhoso, você tem muitos momentos de alegria, mas você tem que pensar no que pode acontecer depois que a pessoa parte. O problema é que ele faleceu faz 8 anos e o inventário não saiu. Temos a necessidade de se reinventar, porque se nós ficarmos esperando nada acontece".
FERNANDA NUNES- Professora de informática na área de informática, trabalhou em três universidades no Rio de Janeiro e há 19 anos tem o seu próprio curso. "Quando eu era professora dessas universidades, eu tinha uma dor grande porque os meus alunos não conseguiam entrar no mercado de trabalho. E aí eu comecei a prepará-los nos finais de semana, para o mercado de trabalho de TI. O negócio deu certo e a empresa foi crescendo e aos poucos saiu das universidades. Essa é a história que conto no livro e é uma forma de apresentar para o mundo porque a minha dissertação ficou engavetada na faculdade. E incentivar mulheres, dos 10 mil alunos que passaram pela escola, 2% são mulheres".
GRAÇA DUARTE – Jornalista e psicanalista, fala do impacto da vida pessoal na tomada de decisões no empreendedorismo e a necessidade do cuidado da mente. A importância da autoestima para você conseguir os seus objetivos. "Aprendi que é imprescindível cuidar do seu interior, da sua cabeça, corpo, mente e espiritualidade para desenvolver e colocar sua energia em qualquer negócio. Empreendo desde 2002. Montava um negócio e não seguia com ele porque não me achava preparada. Não me conhecia. Quando entendi a importância da inteligência emocional, do autocuidado, das terapias integrativas tudo foi esclarecido. Aprendi no processo que uma coisa não impede a outra, hoje trabalho no jornalismo, sou empresária e psicanalista. Esse livro é fundamental para dar importância à voz feminina em todos os setores".
KARLINHA VALE – Formada em Letras e CEO da Rede Mulheres Borboletas. É escritora de contos. Diz que: "Embora as estratégias que aparecem possam proporcionar alívio temporário e nos ajudar a lidar com o estresse imediato, é importante ressaltar que a válvula de escape não resolve o nosso problema subjacente. Seja uma mulher borboleta, sinta-se, transforme-se, liberte-se e voe!”
KATIA BALBINO – Especialista em Gestão de Projetos, Neurociências e Transtornos Neurocognitivos. No livro fala sobre a transição de carreira de analista de sistema para a área de pedagogia depois que o pai foi diagnosticado com demência mista, Alzheimer e demência vascular e hoje é especialista em neurociências e em demências. "Mostro no meu dia a dia que existe vida após o diagnóstico. Tem como proporcionar uma qualidade de vida melhor. No Instituto Intensamente praticamos a ginástica cerebral no auxílio para alcançar um envelhecimento saudável".
LÍVIAN FERRÊRA - Trabalha com inteligência emocional e análise comportamental. Na publicação ela resolveu abordar a dor. "Falo sobre as dores de começar a empreender, o quanto essa dificuldade gera uma forma de você desistir, ou um impulso para você continuar. Perdi meu irmão, minha avó e tive depressão. Estava tentando me desenvolver, mas por conta do meu trabalho com CLT, não conseguia. Acreditava que tinha que manter uma imagem só. A inteligência emocional me fez entender que dar para ser flexível. Você tem que entender as suas emoções. Parei de viver o sonho dos outros para dar vida ao meu".
RENATA FREIRE – oriunda do Morro da Baiana, no Complexo do Alemão, ela fala de sua história de ter vindo da comunidade e vencido. Hoje é mentora de negócios nas áreas de gestão, administração, RH, logística e marketing. "Atualmente contribuo para o desenvolvimento de outras mulheres para que possam estruturar os seus negócios. A empresa leva o meu nome. Participo, dentro da comunidade de Manguinhos, de um projeto social desenvolvido pela Fiocruz", diz ela que veio de uma família de pais que não estudaram, mas focaram na educação das filhas (Renata tem uma irmã caçula). "Para mim é uma emoção participar do livro. Eu já sonhava em escrever minha história e é ótimo porque incentiva outras pessoas que também vêm da comunidade".
SANDRA VELLOSO – Trabalhou por 30 anos na área financeira, é formada em ciências sociais, com especialização em neurociências e educação corporativa, depois que se aposentou resolveu mudar tudo. Hoje é mentora de mulheres maduras além de ser, campeã brasileira e americana de pole dance. No livro ela fala dessa virada de chave aos 50 anos. "Mostro para mulheres maduras que nós temos que aceitar o envelhecimento de uma forma mais gentil, harmoniosa e sedutora até. "Comecei no pole dance e no desenvolvimento humano com quase 60 anos e mudei minha vida. Quis participar desse livro para inspirar mulheres na busca de suas essências, quando envelhecer não é uma opção. Porque quem envelhece não morre. Sou uma menina que teve o privilégio de envelhecer"
TATIANA CORRÊA – "Trabalho na área de autoconhecimento e propósito de vida. Minha formação foi em nutrição. Aos 17 anos trabalhei como jovem aprendiz de uma grande empresa. E via todas aquelas atividades rotineiras de cozinha e me indagava se teria algo mais profundo para fazer. E descobri que gosto de liderar, guiar e orientar. Então se você me desse uma ideia eu transformava em negócio. Criar negócios do zero me desafiou. Mas eu vi que ainda não era aquilo que queria. Até que fiz uma transição para a terapia holística e me especializei em propósito de vida ajudando pessoas a saberem para o que elas nasceram",
VIVIANE BELCHIOR – É MBA em Gestão Empresarial. Fundadora do SEMTRAB – segurança e medicina do trabalho. No livro fala sobre o desejo de empreender, os desafios vividos e dicas e conselhos para empreender com planejamento. que é o show da vida ao empreender. "Muitos amigos vão te criticar quando você não for a uma festa por que está focada no seu negócio, mas seu esforço vai valer a pena!"
VIVIANE FORTES – Empreendedora na área de semijoias há 19 anos. "Abordo os desafios pessoais que me fizeram enfrentar e superar dificuldades como empreendedora. Antes empreendia na área de informática, quando eu dava aula. E a partir de um momento frágil da minha vida, logo depois da maternidade, eu ganhei o título de inválida, de invalidez. E conto no livro. Tenho limitações físicas. Mas no livro não tem vitimização. Falo dessa vulnerabilidade, autenticidade e transformação", diz ela, que não é formada em designer, mas desenha semijoias para o seu empreendimento.
"Quis contar minha história para inspirar pessoas que, como eu, muitas vezes se sentem sem saída. É uma narrativa sobre sonhos, mas também sobre resistir, lutar e transformar o destino", reflete a autora, que atualmente vive na capital francesa.
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