Pessoas se refrescando no Calçadão de Madureira, Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira (20) Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - "Insuportável" e "horrível" são os principais adjetivos usados por cariocas para definir o calor na cidade do Rio. O município permanece no Nível de Calor 4 (NC4) desde a última segunda-feira (17), quando entrou pela primeira vez na categoria, e já registrou - no mesmo dia - recorde histórico de temperatura dos últimos 10 anos.
O DIA esteve nesta quinta-feira (20) em Madureira, na Zona Norte, e conversou com pedestres e pessoas que trabalham no bairro. O taxista Paulo César Conceição, de 56 anos, relatou que mudou seu horário de trabalho para poder fugir da alta temperatura. Além disso, o intenso calor contribuiu para aumento dos gastos com seu carro.
"Está insuportável e ruim para a gente trabalhar. Tive até que mudar meu horário de trabalho. Estou saindo mais cedo, volto para casa para almoçar às 12h e só retorno às 15h ou 16h devido o calor. Está terrível. O ar-condicionado do carro não está aguentando. Ligo e parece que estou na rua. Meu consumo era R$ 70 por dia. Agora é R$ 100. Eu trabalho no trânsito. Imagina pegar um engarrafamento no calor? Com certeza ficamos estressados", comentou.
A autônoma Regina de Souza, 60, moradora de Marechal Hermes, também na Zona Norte, revelou que já passou mal devido ao tempo abafado, além de ter visto outras pessoas na mesma situação.
"Está uma coisa de louco. É horrível. Já vi gente passando mal, desmaiando e a minha pressão até já subiu. O calor está insuportável. Em casa ninguém dorme, parece que sai fogo do ventilador e não conseguimos comer direito. Ficamos mal-humorados", disse.
O influenciador digital João Santos, de 29, morador de Colégio, ainda na Zona Norte, recomendou que as pessoas procurem uma sombra para se proteger do sol.
"Esse calor está dando o que falar. A temperatura faz as pessoas passarem mal. É ir pela sombra porque o sol está 'quebrando'. Falo para as pessoas se protegerem na sombra. O jeito é ir para praia. Quando vejo que está muito calor, eu tomo vários banhos", falou.
Para se proteger, as pessoas foram às ruas com bonés e chapéus. Passageiros de ônibus se aglomeraram em sombras formadas pelos pontos enquanto aguardavam coletivos. Em frente a quadra da Império Serrano, na Avenida Ministro Edgar Romero, ainda e Madureira, moradores e trabalhadores se hidrataram em um posto da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Fim de semana ensolarado
A previsão indica que o calor deve permanecer nos próximos dias na cidade do Rio. Contudo, a temperatura apresentará uma leve queda. Para o fim de semana, o sol deve continuar aparecendo no município e não há previsão de chuva.
Segundo o Alerta Rio, na sexta-feira (21) e no sábado (22) o céu estará com poucas nuvens e temperaturas máximas entre 36ºC e 37ºC. As mínimas serão de 21ºC e 22ºC.
No domingo (23) e segunda-feira (24) a nebulosidade estará variada na cidade com chance de mais nuvens aparecerem. Os ventos estarão fracos a moderados. As temperaturas devem continuar elevadas com máxima de 35ºC.
Recordes
A cidade do Rio não tinha um mês de fevereiro tão quente desde o ano de 2003. Em levantamento feito pelo Climatempo, a média das temperaturas registradas ao longo dos primeiros 17 dias no município foi de 36,6 graus. O número é bem superior aos 33°C anotados ao longo dos últimos 21 anos.
Na segunda-feira (17) o Rio bateu o recorde histórico de temperatura registrada nos últimos dez anos: 44ºC às 12h10 na estação meteorológica de Guaratiba, na Zona Oeste. É o dia mais quente do ano desde que o Sistema Alerta Rio passou a fazer a medição, em 2014. A marca supera a do dia 18 de novembro de 2023, quando o Alerta Rio registrou 43,8°C.
No mesmo dia, moradores de Bangu, na Zona Oeste, gravaram um vídeo fritando um ovo na tampa de um bueiro debaixo de um termômetro que marcava 46°C. Assista: