Rio - A Justiça do Rio mandou soltar, na tarde desta terça-feira (25), o influenciador do Botafogo Igor Melo de Carvalho, e o motorista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves, de 24 anos, que levava o jovem para casa quando foi baleado. A Polícia Civil também passou a apurar o caso como tentativa dupla de homicídio.
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Na decisão que determinou a soltura de Igor e Thiago, a juíza Rachel Assad da Cunha, da 29ª Vara Criminal da Capital, acolheu um pedido da defesa e encaminhou cópias do processo à Promotoria de Investigação Penal e à Corregedoria da Polícia Militar, que poderão apurar a conduta do policial da reserva.
"Todas as informações indicam que tanto Carlos Alberto quanto Josilene teriam confundido os ora custodiados com os supostos autores do crime de roubo, de forma que os indícios de autoria restam totalmente esvaziados, impondo a imediata soltura dos custodiados", escreveu a magistrada na decisão.
Bastante emocionado, Thiago detalhou como foi abordado pelo PM. "Ele parou do meu lado e apertou o gatilho. Minha reação foi me jogar no chão. Ele ainda voltou para matar a gente", lembra. Na delegacia, ele contou que Josilene manteve a acusação. "Ela apontou o dedo na minha cara e disse: 'Foi ele que me roubou'. Eu me ajoelhei e falei: 'Olha na minha cara, você sabe que não fui eu. Por que você está fazendo isso? Você disse que, se tivesse oportunidade, daria um tiro na minha cara'. Mas eu não fiz nada. Está aí a prova de tudo. Eu só me ajoelhei na minha vida para Deus e para ela".
O caso
Igor foi baleado após sair do trabalho, na noite de domingo (23), pelo policial militar reformado Carlos Alberto de Jesus. Ele estava sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, suspeito de participar do roubo de um celular. Thiago foi detido pelo mesmo crime e participou da audiência de custódia nesta terça-feira. O caso aconteceu após a mulher do agente, a cabeleireira Josilene da Silva Souza, culpar injustamente os dois pelo crime.
O influenciador segue internado no hospital e seu estado de saúde é considerado grave. Ele passou por cirurgia e perdeu um rim. Igor cursa publicidade e propaganda na Faculdade Celso Lisboa e trabalha no setor administrativo da instituição. Ele sonha em ser jornalista esportivo e para complementar a renda, durante a noite, atua como garçom na casa de samba 'Batuq'.
Já Thiago é pai de dois filhos, um de 2 anos e outro de 8 meses, e tinha acabado de iniciar a corrida de Igor quando ambos foram perseguidos pelo PM. De acordo com Jaqueline, nenhuma prova do roubo foi encontrada com o filho.
O PM e a mulher prestaram um novo depoimento na 22ªDP (Penha) na tarde desta terça-feira.
Casal disse em primeiro depoimento que jovens estavam armados
Em depoimento, a mulher do agente informou que no fim da noite de domingo (23), por volta das 23h, foi abordada por dois homens em uma moto azul, sendo um de camisa preta e outro de blusa amarela, na esquina da Rua Irani com a Rua Conde de Agrolongo, na Penha.
Josilene alegou que o homem de amarelo estava armado e apontou a arma para o seu rosto, roubando seu telefone e fugindo em seguida. Na sequência, ela narrou que encontrou com o marido e ambos saíram para procurar os suspeitos. No momento em que encontraram a dupla, Carlos Alberto os abordou e deu voz de prisão, mas o garupa da moto teria sacado a arma. No entanto, o agente teria sido mais ágil e feito dois disparos.
Ela ainda disse no depoimento que os homens pularam do viaduto e abandonaram a motocicleta. Logo depois, a mulher reconheceu Thiago como o motorista que estava de camisa preta e Igor como o homem armado de blusa amarela. O PM confirmou a versão da companheira e disse ainda que Thiago teria pedido desculpas pelo ocorrido. No entanto, a suposta arma e o celular não foram encontrados.
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