Rio – Entre os dias 1º de janeiro e 10 de março deste ano, o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater quase 6 mil focos de incêndio em áreas de vegetação, como parques e reservas florestais, em todo o estado – o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que deu conta de 49 pontos em 14 unidades de conservação sob sua administração. O número representa um aumento de mais de 435% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 1.115 registros. E a principal explicação é a falta de chuva que castiga o estado.
De acordo com um levantamento do sistema Alerta Rio, a capital fluminense teve apenas seis dias com chuva significativa em volume e área em 2025: 6, 8, 9, 25, 29 e 31 de janeiro. Ou seja, há quase 40 dias a vegetação não é molhada, o que a deixa mais seca e vulnerável à propagação de chamas.
Outro fator que facilita os incêndios se multiplicarem são as temperaturas elevadas que persistem. Fevereiro, que costuma ter 35º C como média, ficou em 38º C desta vez.
Especialistas comentam
Tal combinação, entre estiagem prolongada e termômetros nas alturas por dias consecutivos, foi decisiva para o impactante número de incêndios registrado pelos Bombeiros.
"Os acumulados pluviométricos ficaram acentuadamente abaixo da climatologia em fevereiro na cidade. Com o tempo seco e as temperaturas elevadas, os incêndios podem ocorrer com mais frequência”, observa Wanderson Luiz Silva, meteorologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Lucio de Souza, professor do Departamento de Oceanografia Física e Meteorologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explica a combinação perigosa de um período muito longe sem chuva e dias seguidos com termômetros subindo: "A estiagem ajuda a potencializar os incêndios, pois as plantas e o solo ficam muito secos e, qualquer gatilho, pode provocar um incêndio".
O fogo se dá geralmente por ação humana, muitas vezes com queimadas ilegais, mas há a possibilidade de combustão espontânea. Independentemente do que provoque as chamas, porém, a probabilidade de alastramento cresce da mesma forma quando falta chuva e sobra calor.
"Quando o clima é quente e seco por um longo período, a vegetação tende a ficar mais seca, o que facilita a propagação do fogo”, explica Thiago Sousa, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia do Rio de Janeiro (Inmet/RJ).
Para evitar incêndios florestais, o Corpo de Bombeiros dá as seguintes orientações:
- Não acender fogueiras ou queimar lixo no quintal
- Não soltar balões, o que é crime, ou fogos de artifício perto de locais de mata
- Não jogar pontas de cigarro em qualquer ambiente, principalmente, em estradas próximas à vegetação
Próximos dias
O cenário de estiagem severa no Rio, entretanto, deve sofrer uma reviravolta nesta semana. O Alerta Rio informou que ainda na noite desta terça (11), deve haver chuva fraca a moderada e isolada. As temperaturas ficaram entre 20ºC e 36ºC.
Nessa quarta-feira (12), a situação deve se repetir: chuva fraca a moderada e isolada, a partir da tarde.
Na quinta (13), a previsão é de pancadas de chuva a partir do fim da tarde. Já na sexta (14) e no sábado (15), a tendência volta a ser de chuva fraca a moderada, a qualquer momento.
Ao longo da semana, o céu ficará nublado a encoberto, com temperatura mínima de 18ºC (no sábado) e máxima de 38ºC (na quinta)
Acumulados médios de chuva em cada dia de 2025:
- 6/1: 13,1 mm (não choveu apenas na estação Av. Brasil/Mendanha)
- 8/1: 26,6mm
- 9/1: 28,6mm
- 25/1: 11,1mm (não choveu nas estações da Zona Sul)
- 29/1: 15,6mm
- 31/1: 10,1mm (não choveu apenas na estação Sepetiba)
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