Familiares de Felipe Marques Monteiro acompanham internação do policial e fizeram campanha por doação de sangue para o agenteRenan Areias
A cada dois dias e meio, um agente de segurança é baleado no Rio
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, o copiloto da Polícia Civil Felipe Marques Monteiro, de 45 anos, se tornou a 33ª vítima em 2025; destes, 19 morreram
Rio - O copiloto da Polícia Civil Felipe Marques Monteiro, de 45 anos, atingido por um tiro na cabeça durante operação na Vila Aliança, na Zona Oeste, se tornou o 33º agente de segurança baleado no Rio neste ano. O dado, divulgado pelo Instituto Fogo Cruzado, equivale a uma vítima a cada dois dias e meio.
Felipe foi baleado dentro de um helicóptero do Serviço Aeropolicial da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) em uma ação, realizada nesta quinta-feira (20), contra um grupo especializado em roubo a vans. O policial está internado em estado grave no Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul, onde passou por cirurgia. Familiares e amigos pedem doações de sangue para ajudar em sua recuperação.
De acordo com a Polícia Civil, houve um aumento de mais de 300% de ataques às aeronaves policiais depois da criação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como a ADPF das Favelas, que restringiu operações nas comunidades do Rio.
"A tática de atacar aeronaves policiais demonstra claramente o empoderamento dessas organizações criminosas que se fortaleceram após as restrições as operações policiais impostas pela ADPF 635. As aeronaves, que antes eram utilizadas como plataformas de tiro e apoio de fogo para proteção das equipes policiais e da população, foram praticamente proibidas de serem utilizadas. O que antes era um equipamento que causava temor aos criminosos, com efeito inibitório e dissuasório, hoje é alvo desses bandidos por meio de armamentos de guerra", disse em comunicado.
Segundo o Instituto Fogo Cruzado, organização que produz dados sobre violência armada, dos 33 agentes de segurança baleados no Grande Rio em 2025, 19 foram mortos e 14 ficaram feridos. Entre todas as vítimas, 20 estavam fora de serviço, 13 trabalhavam e quatro eram aposentados e/ou exonerados.
A instituição destacou que o número de agentes baleados cresceu 83% este ano e é o maior mapeado nos últimos quatro anos. "Esse é o retrato de uma política de segurança pública focada meramente no confronto, com operações policiais sem o devido planejamento que colocam a população e os próprios agentes de segurança na linha de tiro", alega o Instituto.
Relembre outros casos
No último dia 13 de março, o policial militar da reserva Marcos Antônio Lacerda, de 63 anos, que havia sido baleado em uma discussão na frente de uma oficina mecânica em Mesquita, na Baixada Fluminense, morreu após ficar um dia internado no Hospital Geral de Nova Iguaçu. De acordo com a família da vítima, ele teve um desentendimento com o proprietário do estabelecimento.
Em fevereiro, Alexander de Araújo Carvalho, agente do Departamento Geral de Ações Sócio Educativas (Degase), morreu baleado durante um arrastão na Linha Amarela, altura de Bonsucesso, na Zona Norte. Segundo relatos, ele teria descido do carro e tentado fugir, momento em que foi atingido pelos disparos.
Em janeiro, o tenente da PM Marcos José Oliveira de Amorim, 33 anos, lotado no 41ªBPM (Irajá), morreu após ser baleado durante uma operação na localidade de Furquim Mendes, no Jardim América, na Zona Norte. Ele chegou a ser socorrido e levado em estado gravíssimo ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu.
No mesmo mês, o policial militar Marco Paulo Freire de Azevedo, de 38 anos, foi morto a tiros na Praia do Flamengo, Zona Sul. Na ocasião, equipes do 2º BPM (Botafogo) foram acionadas para a ocorrência de um roubo e, na Avenida Infante Dom Henrique, encontraram o agente já sem vida. O militar estava a caminho do 19º BPM (Copacabana), onde daria início ao seu expediente.
Ainda em janeiro, morreu o PM Diogo Marinho Rodrigues Jordão, de 37 anos, baleado na cabeça em uma megaoperação realizada nos Complexo da Penha e do Alemão. Lotado do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHq), ele ficou internado por três dias no Hospital Estadual Getúlio Vargas.
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