Pilhas de louça e roupas sujas se acumulam nas casas dos moradores de Campo Grande devido à falta d’águaArquivo pessoal

Rio - Moradores de Campo Grande, na Zona Oeste, estão há mais de três dias sem água. Atividades básicas, como tomar banho, lavar a louça ou fazer comida estão sendo prejudicadas pelo problema com o abastecimento.
Ao DIA, a estudante Ana Beatriz Barbosa, de 21 anos, moradora da Rua Artur Santos, contou que está sem água desde segunda-feira (1º). "A falta do abastecimento começou na rua. Nossa caixa ainda segurou por um dia e meio. Depois disso, ficamos sem água nenhuma, nem para beber. Na minha casa, moram seis pessoas, entre eles uma criança de 5 anos e uma bebê de 11 meses. Estamos sem água para fazer e lavar mamadeira, tomar banho, tudo", revelou.
De acordo com Ana, a família tem enchido garrafas de água em uma torneira na rua, que fica há cerca de 15 minutos da casa dela, além de precisar comprar água mineral, para realizar as tarefas básicas. "A gente paga a conta em dia, que não é barata, e a gente abre a torneira e não tem água. É uma situação de revolta, porque a nossa parte a gente está fazendo e o serviço está sendo negado", reclamou.

A dona de casa Érica da Rosa, de 37 anos, há três dias sem água, contou que o abastecimento chegou a voltar, nesta quinta-feira (4), em uma torneira da rua, mas ainda muito fraca e suja. “Parece que eles estão fazendo racionamento, porque está bem fraca e suja, com uma cor amarelada. Sem condições de usar para fazer comida, lavar a louça ou usar para higiene”, relatou.

Segundo Érica, os moradores não foram avisados sobre este fechamento. Devido ao problema no abastecimento, não só ela, como diversas pessoas, estão tendo que comprar água.

“Dentro de casa a gente ainda não tem água, estou tendo que comprar. Até na escola dos meus filhos está sem água. Eles estudam em uma municipal e a diretora pediu um caminhão pipa para a prefeitura, mas não foi enviado. Elas tiveram que tirar do próprio bolso para abastecer a escola, porque não tem como parar as atividades, ainda mais em semana de prova”, contou.

Érica, que é mãe de três, até pensou em não mandar os filhos para a escola, mas eles seriam prejudicados caso não fizessem as provas de fim de ano. “Embolou demais, logo agora na última semana de aulas. Eu até ia deixar meus dois menores faltar, mas a escola me ligou porque tinha prova, que eles não podiam perder. A nossa rotina embaralha toda. Vai para a rua resolver algum problema, chega em casa e não consegue nem tomar um banho”, desabafou.
Nas redes sociais, outros moradores também reclamaram sobre a falta d’água. “Até quando a gente vai ficar nessa humilhação, tendo que tomar banho de favor na casa dos outros, sem lavar roupa, sem cozinhar?”, questionou um perfil no X, antigo Twitter. “Desde segunda sem entrar água aqui. Já está na hora de retornar. Até agora nada de água”, disse outro. “A gente está tendo que gastar com água mineral. Não tem água para beber, tem idoso sem água, casa com criança pequena, gente que precisa trabalhar e não tem água para higiene básica, e isso pagando a conta direitinho”, contou um terceiro.
No Instagram, mais reclamações sobre a falta d'água. "Mais de 72 horas sem água em Campo Grande! Deixa faltar água durante dias, mas na conta não vem um desconto. É muito descaso com as pessoas", reclamou um perfil. "Não tenho condições de ficar sem água com idoso acamado em casa... é desrespeitoso", afirmou outro.
Procurada pelo DIA, a Rio+ Saneamento informou que houve redução na distribuição de água na Estrada do Campinho e adjacências por conta de uma manutenção emergencial. A intervenção já foi finalizada e o abastecimento restabelecido com a água dentro dos padrões de qualidade. A concessionária reforça a importância de os clientes realizarem a limpeza de suas caixas d’água e cisternas a cada seis meses, garantindo a qualidade da água armazenada.