O Açu movimentou cerca de 24 milhões de toneladas de minério de ferro molhado em 2023 Foto Divulgação
Porto do Açu se articula com foco na construção da Estrada de Ferro 118
Projeto garante especialização regional na rota das exportações de matérias primas brasileiras
São João da Barra – “A consolidação da Estrada de Ferro 118 entre Espírito Santo e Rio de Janeiro garante a especialização do norte fluminense na rota das exportações de matérias primas brasileiras, notadamente, alimentos onde o país tem vantagem relativa inegável”. A avaliação é do diretor de Indicadores Econômicos e Sociais de Campos dos Goytacazes (RJ), economista Ranulfo Vidigal.
O projeto (com 530 quilômetros de trilho) interessa diretamente ao Complexo Portuário do Açu, entre São João da Barra e Campos, cuja administradora, a Prumo Logistica (controlada pelo fundo americano EIG Global Energy Partners), ressalta que a construção contribuiria para ampliar a escala de movimentação do porto (limitado a rodovias), integrando o Açu à malha ferroviária nacional.
Vidigal aponta que em torno de todos os portos surgem núcleos industriais e de serviços com forte atração de investimentos privados geradores de empregos de boa remuneração: “Como Campos é o núcleo populacional de maior porte da região, a cidade e seu núcleo de serviços associados à produção, distribuição e serviços pessoais vai sofrer influência altamente positiva”.
Nesse caso, o economista entende que haverá exigência de um cuidado especial na logística de transportes urbanos e melhoria das estradas ligando a região portuária que, na opinião de Vidigal, vai ganhar forte dinamismo: “A ferrovia consolida o porto e sua influência regional”, ratifica.
De acordo com a Prumo, a empresa preparou estudos de viabilidade e engenharia executiva para a licitação da construção da Estrada de Ferro 118, que será encaminhado ao governo federal, com foco evidente na conexão ao Porto do Açu, visando aumentar a movimentação de cargas do porto em progressão geométrica.
“Hoje essa movimentação está na casa de 85 milhões de toneladas por ano, concentrada em minério e petróleo”, aponta o presidente da Prumo, Eugênio Figueiredo. O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Prumo, Eduardo Kantz, acredita que o projeto da EF-118 esteja próximo de ser consolidado.
EXPECTATIVA - Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Kantz diz que “para além da finalização dos estudos, há disposição do governo Lula em aportar dinheiro público em ferrovias, viabilizando as grandes linhas planejadas para o País, à diferença do governo anterior, que apostava no modelo de autorização e no investimento totalmente privado”.
Sobre os estudos, o diretor afirma que foram feitos por empresas contratadas, especializadas em modal ferroviário, com a pretensão ajudar a viabilizar a concessão da EF-118, para que o Ministério dos Transportes possa executá-lo. O trabalho envolve avaliações de engenharia, de demanda de carga; além de estudos ambientais, fundiários e jurídicos.
O levantamento da Prumo aponta que, para ligação da EF-118 com o Complexo Portuário do Açu, ainda haveria necessidade de ser construída outra ferrovia no sentido vertical, de aproximadamente 40 quilômetros. Kantz assinala que se trata de um investimento estimado em R$ 600 milhões e a construção já está autorizada pelo governo federal.
Ranulfo Vidigal admite a possibilidade de ganho geral do porto a partir da definição do projeto. Ele concorda com a projeção divulgada na matéria do Estadão, de que outra possibilidade é aumentar o volume de minério escoado. O jornal escreve que, “em 2023, o Porto do Açu movimentou cerca de 24 milhões de toneladas de minério de ferro molhado trazidos de Minas Gerais pelo mineroduto da Anglo American, em que a Vale tem parte. A capacidade máxima é de 26 milhões de toneladas. Com a ferrovia, esse teto subiria”.
Não existe ainda prazo definido para a implantação do projeto que, conforme o rito, depende da formatação do edital, a ser aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU); audiências públicas; programação de leilão; a expectativa é de que aconteça no próximo ano. Em seguida o projeto terá de ser encaminhado ao governo federal e o passo final será a construção da linha férrea, que deverá ocorrer entre três a quatro anos.
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