Exposição "Minha arte com o seu descarte" Ascom
A diretora municipal de Cultura, Giselle Lima, falou sobre a concepção e curadoria da exposição. “Estamos felizes em apresentar a exposição ‘Minha arte com o seu descarte’, resultado do trabalho criativo dos alunos da Escola Municipal Luiza Terra de Andrade. Ao montar essa exposição, pensamos em trazer elementos que remetessem à condição humana, à ideia da transformação do ‘lixo em luxo’ e à cultura do descarte. Através da arte, buscamos sensibilizar a comunidade para a reutilização e a conscientização ambiental. A mostra não apenas exibe arte, mas também reflete sobre sustentabilidade e a importância de repensar nossos hábitos de consumo. Esta exposição se conecta com a história do patrono da Casa de Cultura, Gabriel Joaquim dos Santos, simbolizando arte popular e sustentabilidade. Ao abordar a transformação do ‘lixo em luxo’, esperamos inspirar todos a adotar práticas mais sustentáveis”, explicou.
Para marcar a abertura da exposição, a Escola promoveu, nesta quarta-feira (30), uma manhã de atividades culturais e artísticas protagonizadas pelos alunos. A programação contou com apresentações da equipe docente, recitação de poesias e leitura de textos dos escritores Manuel Bandeira e Luis Fernando Veríssimo, além da apresentação da biografia de Vik Muniz, um dos artistas que inspirou a montagem da exposição, autor do documentário mundialmente reconhecido “Lixo Extraordinário”.
A diretora adjunta da unidade escolar, Angelle Hipólito, comemorou a instalação da mostra no centro cultural aldeense. “Trazer essa exposição para a Casa da Cultura está sendo uma experiência maravilhosa, principalmente porque amplia e dá visibilidade às manifestações artísticas dos nossos alunos, que até então estavam restritas ao ambiente escolar. A gente se sente muito privilegiado em ocupar esse espaço tão importante de fomento à cultura”, destacou.
O evento de inauguração também contou com a apresentação da peça teatral “A fome, além de física, é uma dor moral” que explora, de maneira poética e visceral, a experiência da fome e suas implicações sociais e emocionais, inspirada no poema “O Bicho”, de Manuel Bandeira, e em estudos sobre a fome no Brasil. A professora de Língua Portuguesa, Aline Coroa, falou sobre a proposta do esquete. “Nós trabalhamos o tema ‘Fome’, a partir da obra de Manuel Bandeira, passando por diferentes gêneros textuais. Fiz uma busca ativa com a turma através de gráficos da fome no Brasil, desde a década de 40, até os dias atuais, em que 33 milhões de brasileiros morrem de fome no país. Ao longo de dois meses, nós também separamos lixos na escola, que são utilizados no espetáculo para impactar e retratar a vivência de ‘um lixão’”, contou.
Outro destaque da programação foi o desfile de moda reciclada, por meio do qual os alunos puderam apresentar suas roupas criadas com reaproveitamento de materiais descartados, sob a supervisão da professora e assessora pedagógica, Daniele Navarro, que também é artista e modelo. “Foi muito gratificante e uma experiência incrível participar desse evento artístico como plateia e como modelo. A exposição dos nossos trabalhos é muito importante para mostrar que é possível transformar o lixo em arte e, assim, ajudarmos a natureza”, comentou o estudante Davi Xavier, de 15 anos.
Entre as peças expostas estão releituras de quadros de Vik Muniz, objetos decorativos, jogos e utilitários, dentre outras peças confeccionadas com jornais, garrafa pet, papelão, tampinhas e outros materiais descartados. As emoções humanas também estão retratadas de forma lúdica em quadros inspirados na animação dos estúdios Disney, “Divertidamente”.
Outro destaque é o mural “O Bicho”, inspirado na obra de Manuel Bandeira, que reúne recortes de livros e embalagens descartados, retratando a miséria e a degradação humana provocadas pela fome e pela pobreza. A montagem do painel foi orientada pela professora de Artes, Maria Lucivânia Silva. “Foi sensacional ter participado da exposição e assistido às apresentações. Agradeço pela oportunidade que tivemos de mostrar que podemos, sim, com criatividade, fazer arte e mostrar para o mundo que uma simples ideia pode se transformar em algo de muito valor”, disse a estudante Kathleen Chrystina, de 15 anos.
O evento de abertura da exposição foi encerrado com a encenação da dramaturgia documental “A Casa feita de cacos”, estrelada pela Companhia de Teatro Municipal, convidada especialmente para a programação. A peça aborda vida e obra de Gabriel Joaquim dos Santos e tem direção de Anna Fernanda Corrêa, coordenadora do equipamento cultural.
Passando uma temporada de férias na Região dos Lagos, o casal Kátia Moreira e Júlio César Oliveira, de São Gonçalo-RJ, foi um dos primeiros visitantes. “É a primeira vez que viemos a São Pedro da Aldeia, não conhecíamos a Casa da Cultura e ficamos encantados com a exposição. Tenho formação como docente e sei o quanto é importantíssimo a gente estimular a criatividade e as práticas sustentáveis entre os jovens e as crianças. Isso traz um incentivo muito grande, especialmente para as gerações mais novas. Parabéns à Secretaria de Cultura e à Escola pela iniciativa”, disse Kátia.
A Casa da Cultura Gabriel Joaquim dos Santos fica localizada na Avenida Francisco Coelho Pereira, nº 255, no Centro.
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