Saquarema - O Corona Saquarema Pro, apresentado por Banco do Brasil, foi encerrado nesta quarta-feira (16), na Praia de Itaúna, na cidade de Saquarema, com um recorde histórico do Brasil no Challenger Series. Com a confirmação do Edgard Groggia, foram seis brasileiros na lista dos 10 classificados para o World Surf League (WSL) Championship Tour (CT). Nenhum outro país tinha conseguido tal feito e o Brasil voltará a ter maioria na elite masculina em 2025, com 11 representantes no grupo dos top-34. Já os títulos da terceira edição do Corona Saquarema Pro, foram vencidos por surfistas de outros países. O francês Marco Mignot quebrou a hegemonia brasileira derrotando Deivid Silva na final e a australiana Macy Callaghan ganhou a decisão feminina com a francesa Vahine Fierro.
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O mesmo Deivid Silva confirmou a sexta vaga do Brasil, entre os 10 indicados pelo Challenger Series para completar a elite do CT em 2025. DVD ganhou o duelo brasileiro das quartas de final com Mateus Herdy, que se passasse essa bateria, tiraria o décimo lugar no ranking do havaiano Jackson Bunch. Mateus tentou os aéreos que já haviam lhe dado a segunda nota 10 da história do Corona Saquarema Pro. Mas o backside afiado do Deivid Silva, garantiram a vitória por 13,07 a 12,50 pontos. Este resultado acabou confirmando o Edgard Groggia na relação final dos 10 classificados para o CT 2025.
“Eu estou muito feliz com tudo que aconteceu esse ano e Deus sabe de todas as coisas. Ele que tem me suportado para estar aqui hoje”, disse Edgard Groggia, que travou a coluna na sua bateria da terça-feira, quando foi eliminado junto com Samuel Pupo. “Na bateria que eu perdi ontem, estava me sentindo bem, confiante no equipamento, tudo encaixado, aí aconteceu uma fatalidade na minha segunda onda. A minha lombar zoou no aéreo e achei que tinha acabado ali pra mim. Eu sabia que tinha que passar pra me confirmar no CT, então tentei pelo menos terminar em terceiro na bateria para somar mais pontos”.
Ed Groggia ainda falou sobre o fato da sua vaga ser confirmada na derrota do Mateus Herdy. “Fico triste pelo meu amigo, o Mateus. Sei o quanto o moleque batalha, mas ele é muito habilidoso, um profissional incrível, um talento raro e é muito novo ainda, então vai chegar a hora dele. Foi uma batalha muito grande conseguir essa vaga, estou sentindo muitas dores na lombar esses dois dias, mas é seguir assim, dando um passo de cada vez. Agora é tratar dessa lesão, porque quero mostrar meu surfe pro mundo no ano que vem”.
Deivid Silva também respondeu sobre enfrentar um brasileiro num momento decisivo. “É difícil essa situação, mas o surfe é assim mesmo. Infelizmente, eu caí na bateria contra o Mateus (Herdy), que eu sabia que ia ser muito difícil, porque ele tem os aéreos no pé. Então, estou feliz por ter conseguido apresentar meu surfe de borda e deu tudo certo pra mim. É triste pelo Mateus, mas fico amarradão pelo Edgard, que é um cara que também estava batendo na porta e é muito batalhador. A história de vida dele é incrível e merece demais. Infelizmente, um fica de fora. O surfe é um esporte individual e eu fiz minha parte”.
Seleção brasileira
Com a confirmação do Edgard Groggia, a “seleção brasileira” da WSL voltará a ter 11 titulares no time masculino, como em 2001, 2018, 2019 e 2021. O Brasil será novamente o país com mais surfistas no grupo dos top-34, com os campeões mundiais Gabriel Medina, Filipe Toledo e Italo Ferreira, Yago Dora, João Chianca, Samuel Pupo, Ian Gouveia, Alejo Muniz, Deivid Silva, Miguel Pupo e o único estreante na elite do CT, Edgard Groggia. Já no grupo das top-17, Tatiana Weston-Webb é a única representante, pois Luana Silva e Sophia Medina não conseguiram se classificar na quarta-feira.
Além do recorde de seis classificados pelo circuito de acesso, pela primeira vez na história do Challenger Series, um brasileiro termina a temporada em primeiro no ranking. Na primeira edição em 2021, o número 1 foi o japonês Kanoa Igarashi, em 2022 o italiano Leonardo Fioravanti e em 2023 o norte-americano Cole Houshmand. Agora em 2024, o campeão do Challenger Series é Samuel Pupo, com Ian Gouveia ficando em segundo lugar, Alejo Muniz em quarto, Deivd Siilva em quinto, Miguel Pupo em sexto e Edgard Groggia em nono. Mateus Herdy terminou em 12.o e Michael Rodrigues em 13º.
“Estou muito feliz. No ano passado, eu fiquei em segundo lugar no ranking e esse ano consegui vencer”, disse Samuel Pupo. “Não foi um evento bom pra mim aqui em Saquarema dessa vez, mas o trabalho feito durante o ano inteiro, valeu a pena no final. Estou muito feliz de trazer esse título do Challenger Series pro Brasil, pra começar o ano que vem com o pé direito. A gente tem um calendário novo e algumas etapas que eu gosto muito, como a da piscina e Snapper Rocks (Austrália), então estou bem ansioso. A primeira que me vem na mente é a de Snapper Rocks, depois de uma vitória e um segundo em 2 anos seguidos do Challenger Series lá. Esta então tem sido a minha etapa favorita”.
Vitórias estrangeiras
Samuel Pupo foi o campeão do Corona Saquarema Pro no ano passado, mas acabou perdendo na terceira fase dessa vez. Foi a segunda vitória brasileira, pois Gabriel Medina ganhou a primeira edição em 2022. Após derrotar Mateus Herdy, Deivid Silva ainda despachou o australiano Jackson Baker, para tentar manter a hegemonia verde-amarela no Challenger Series de Saquarema. Só que o francês Marco Mignot vinha fazendo grandes apresentações na Praia de Itaúna e acertou os aéreos na final também, para se tornar o primeiro surfista de outro país a ser campeão no Maracanã do surfe da Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
“Foi um ano incrível para mim”, disse o francês Marco Mignot, que com apenas 20 anos, será o mais jovem na elite do CT em 2025. “Eu só tenho tentado viver o momento presente a cada segundo. Minha estada aqui em Saquarema foi realmente incrível. Eu tinha como objetivo, vencer uma etapa do Challenger Series e me classificar para o CT, então estou feliz por ter conseguido as duas coisas aqui. Sei que é preciso seguir trabalhando duro com dedicação, porque um novo capítulo está chegando e me sinto pronto para o ano que vem”.
Na categoria feminina, a escrita foi mantida pela australiana Macy Callaghan, que repetiu os títulos da canadense Erin Brooks no ano passado e da norte-americana Alyssa Spencer em 2022. A decisão reuniu as duas surfistas que tiraram as brasileiras da disputa pela última vaga no CT 2025. A francesa Vahine Fierro derrotou Sophia Medina na segunda quarta de final e já tirou o quinto lugar no ranking da espanhola Nadia Erostarbe com a classificação para as semifinais. E Luana Silva, que estava empatada com Vahine Fierro em pontos no ranking, foi barrada por Macy Callaghan na última quarta de final.
A última vaga no CT 2025, acabou sendo decidida na semifinal entre Vahine Fierro e a portuguesa Yolanda Hopkins. Quem vencesse, confirmava seu nome na elite das top-17 pela primeira vez na carreira e a francesa se garantiu com seu ataque de backside nas direitas de Itaúna. Vahine Fierro mora no Taiti, neste ano foi convidada para participar da etapa do CT em casa e foi a campeã nos tubos de Teahupo´o. Mas no Corona Saquarema Pro, Macy Callaghan pegou as melhores ondas que entraram na final, para vencer e terminar em nono no ranking, garantindo participação no Challenger Series 2025.
“Estou muito feliz e, na verdade, muito cansada também”, disse Macy Callaghan. “Foi para isso que vim para cá e estou muito contente por terminar a temporada com uma vitória. Saquarema é um lugar sempre muito divertido, as ondas estavam ótimas e o clima muito bom também, depois de toda aquela neblina na etapa de Portugal. No fim de semana, nós meninas competimos com a praia lotada de gente e teve aquele show de aviões (demonstração aérea da Esquadrilha CEU), que foi muito legal. Vai ser muito bom voltar pra casa depois de 3 meses viajando, rever meus amigos e a família será bom demais”.
Últimas vagas
Macy Callaghan já fez parte do CT, mas já chegou no Brasil sem chances na briga pelas duas últimas vagas que restavam definir no G-5 do Challenger Series. No Corona Saquarema Pro, apresentado por Banco do Brasil, festejaram classificação a canadense Erin Brooks e a francesa Vahine Fierro, que se juntaram às australianas Sally Fitzgibbons, Isabella Nichols e Bella Kenworthy, que confirmaram seus nomes na penúltima etapa, em Portugal.
No ranking masculino, sete das dez vagas foram decididas em Saquarema. Os únicos que já estavam garantidos por antecipação, eram os brasileiros Samuel Pupo, Ian Gouveia e Alejo Muniz. Na Praia de Itaúna, o primeiro a carimbar seu passaporte para o CT 2025, foi Miguel Pupo na segunda-feira. Mais quatro se garantiram na terça-feira, Deivid Silva, o francês Marco Mignot e os australianos Joel Vaughan e George Pittar. E na quarta-feira foram definidos os dois últimos nomes, Edgard Groggia e o havaiano Jackson Bunch.
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