Técnica ensina formas mais rápidas de estancar e controlar o sangramento de forma mais ágil e menos invasiva - Severino Silva
Técnica ensina formas mais rápidas de estancar e controlar o sangramento de forma mais ágil e menos invasivaSeverino Silva
Por RENAN SCHUINDT

Rio - O cenário das cinco principais emergências públicas do estado do Rio tem se tornado cada dia mais parecido com aquele visto em guerras. Nos hospitais Getúlio Vargas, Alberto Torres, Carlos Chagas, Azevedo Lima e Adão Pereira Nunes, os atendimentos a vítimas de armas de fogo se tornaram comum. Por dia, pelo menos seis pacientes baleados dão entrada nessas unidades média de uma nova vítima a cada quatro horas. Pela primeira vez, uma técnica de salvamento empregada na guerra chega ao país.

O nome é pomposo: REBOA (em tradução livre Oclusão Aórtica Ressuscitante por Balão Endovascular) e foi empregado na década de 50, durante a Guerra da Coreia. É utilizado em lesões muito grandes, onde há perda de muito sangue. A técnica ensina justamente as formas mais rápidas de estancar e controlar o sangramento de forma mais ágil e menos invasiva.

"O REBOA vem sendo muito elogiado no uso para o trauma, com diversos estudos comprovando sua eficácia. A técnica é fundamental para conseguirmos diminuir o risco de levar essas vítimas à uma cirurgia de peito aberto, optando por um procedimento menos invasivo", diz o médico João Sahagoff, um dos coordenadores do curso.

ESPECIALISTA

O responsável pelo workshop é Tal Hörer, diretor do curso de Trauma da Universidade de Orebro uma das mais importantes da Suécia e será abordado durate o 32º Encontro Carioca de Angiologia e de Cirurgia Vascular, entre os dias 22 e 24 deste mês, no Hotel Pullman, em São Conrado. O objetivo é oferecer aos médicos atualização no manuseio do trauma vascular no contexto da violência urbana.

ESTATÍSTICAS

A importância do treinamento pode ser confirmada através dos números. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, somente no ano passado, as cinco emergências atenderam 2.437 feridos. O número é 15% maior que em 2016. Este ano, os dados continuam chamando atenção. Somente nos primeiros 70 dias de 2018, foram contabilizados 461 atendimentos. A pasta não soube informar o numero de sobreviventes.

Para Breno Caiafa, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ) - responsável pelo workshop - a abordagem desses pacientes deve ser precisa e imediata para minimizar as consequências. "Os médicos poderão estancar uma hemorragia com mais agilidade, chegando ao ferimento com maior rapidez para estancar o sangramento, até que a abordagem definitiva seja realizada", diz.

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