Por Luiz Martins Líder do PDT na Alerj

O Rio tem sido cenário de um tipo de violência que imaginávamos extinta ou pelo menos minimizada em nosso território e até no Brasil. Nos últimos meses, dezenas de templos religiosos já foram atacados, inclusive com ameaças à mão armada. Mas o fato de tais atentados terem sido perpetrados contra religiões de matriz africana pode levar as pessoas a uma ilusão. Muitos podem acreditar que, se as vítimas hoje são os adeptos do Candomblé ou da Umbanda, quem não pertence a essas denominações não têm nada a ver com o caso. Não é verdade.

Quando assistimos a agressões por conta da confissão religiosa das pessoas, é o livre arbítrio e a liberdade de todos nós que estão sendo atingidos. A convivência entre os diferentes credos é uma das bases da nossa civilização, e esse pilar precisa ser preservado. É um princípio construído depois de muito sangue derramado ao longo dos séculos. Não precisamos desse retrocesso, ainda mais no Brasil, que é reconhecido no mundo inteiro por sua tolerância.

Por outro lado, a recente onda de ataques a terreiros, que tem sido mais frequente na Baixada, não pode ser motivo para a prática do preconceito inverso. Quem acredita que os atentados justificam uma reação contra a comunidade evangélica está equivocado. A imensa maioria dos adeptos dessas igrejas não se coaduna com essa violência e, ao contrário, também sente na pele a discriminação religiosa. O único caminho correto é o da harmonia.

O preconceito e as agressões, em suma, podem atingir a todos. Ao longo do tempo, essas tensões vão se agravando e desencadeando até guerras. O cúmulo desse processo, como todos sabem, foi o Holocausto na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Seis milhões de pessoas foram exterminadas pelo simples fato de serem judeus. Os erros dos antepassados servem sobretudo como ensinamento e para o nosso aprimoramento. Não para serem repetidos.

A própria Constituição Federal, em seu artigo 5º, determina que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias". Por isso, as autoridades precisam dar uma resposta dura, punindo esses criminosos e preservando o Estado laico e a essência democrática de nossa sociedade.

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