Por ANGÉLICA FERNANDES

Respirar ar puro em Santa Cruz está impossível. Mesmo cercado de verde, o bairro sofre com a poluição, causada em grande parte pela Usina Siderúrgica CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), adquirida recentemente pelo grupo multinacional Ternium. E a comprovação veio de seis jovens moradores da região que por seis meses fizeram o monitoramento do ar em vários pontos de Santa Cruz e constataram que todos os índices estão em média o triplo acima do que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O projeto Vigilância Popular em Saúde, em parceria com o Instituto Pacs e a rede Justiça nos Trilhos, foi o responsável por subsidiar os jovens nesse monitoramento. Em maio, junho e julho deste ano, as medições ficaram em média de 31,71 µg/m3 (micrograma por metro cúbico). A OMS instituiu 10 µg/m3 como o aceitável para o ar.

"Fizemos o monitoramento no bairro em áreas específicas, na casa de moradores, em locais próximos à siderúrgica e mais afastados também. Nos últimos dois meses notamos que a poluição tem se intensificado", declarou uma das jovens do projeto, a estudante de Biologia, Aline Christina Marins Marinho, de 22 anos.

Outro importante dado da pesquisa é que os índices de poluição são geralmente maiores no horário da madrugada, o que pode ser associado a maiores níveis de poluentes serem lançados na atmosfera no horário noturno, pois neste período a fiscalização não é frequente e a poluição não é tão evidente quanto de manhã.

Além dos moradores, que sofrem com constantes problemas respiratórios devido à poluição, a flora do bairro também é prejudicada. "A plantação fica queimada e cheia daquele pó da poeira que sai da siderúrgica. Tem épocas que nem o fruto consegue vingar", explicou Aline.

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