Em São João de Meriti, posto de saúde distribuiu 800 senhas, mas a procura foi muito maior. Muita gente voltou para casa sem proteção - Severino Silva
Em São João de Meriti, posto de saúde distribuiu 800 senhas, mas a procura foi muito maior. Muita gente voltou para casa sem proteçãoSeverino Silva
Por RAFAEL NASCIMENTO

Grandes filas se formaram em postos de saúde de todo estado, com pessoas em busca de vacina contra a febre amarela. Entre os locais mais cheios estiveram a unidade de Jardim Meriti, em São João de Meriti, e o Centro Municipal de Saúde Necker Pinto, no Zumbi, Ilha do Governador. Os moradores chegaram antes de 5h nos dois locais para garantir um lugar na fila, mas, ainda assim, muitos não conseguem se vacinar.

Apenas na segunda-feira, 26 mil pessoas já haviam procurado os postos, mais do que as 16 mil de todo o mês de dezembro. Ontem, o movimento foi ainda maior. O posto de Jardim Meriti dobrou o número de imunizações para 800 doses. Segundo relatos, os funcionários da unidade precisaram sair escoltados pela Guarda Municipal, já que houve tumulto em frente ao posto depois que as vacinas acabaram.

Cuidadora de idosos, Rosângela Oliveira, de 56 anos, reclamou da falta de informações no posto. "Ninguém nos orienta. Chegamos muito cedo. Deveriam pelo menos dar uma atenção", disse.

Na Ilha, a cena era a mesma: longas filas e tumulto na frente da unidade. "No Hospital do Galeão me informaram que a vacina acabou. Fui no posto do Cacuia e a senha foi distribuída de manhã. No posto do Cocotá, faltou luz. Aqui no Zumbi falaram que as 200 senhas acabaram assim que o posto abriu, às 8h", afirmou César Rodrigues Fonseca, ao lado do neto, Lorenzo, de 5 anos.

A Secretaria de Saúde de São João de Meriti informou que não esperava essa demanda, mas que haverá um planejamento nos próximos dias.

Já a Secretaria Municipal do Rio informou que "as filas são consequências da alta demanda devido ao surgimento de novos casos".

O secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior, fez um apelo para que a população procure os postos de saúde o mais breve possível. No entanto, a decisão até agora é a de não antecipar o fracionamento das doses da vacina, previsto para 19 de fevereiro.

Segundo Teixeira Júnior, existem doses suficientes em todos os municípios do estado. Mais da metade da população ainda está sem proteção.

Após a Secretaria confirmar mais duas mortes, dessa vez em Valença, no Sul Fluminense, subiu para três o número de casos fatais de febre amarela no estado este ano.

RESTRIÇÕES
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IDOSOS E GESTANTES
Quem tem mais de 60 anos precisa se dirigir a um posto de saúde, ou a qualquer clínico geral, para saber se pode tomar a vacina. Um simples exame físico, com verificação do pulmão e da pressão, basta. O médico também irá analisar os medicamentos que o idoso está tomando para checar se está apto a tomar a vacina. Já para gestantes e pessoas com imunidade baixa, a vacina é contraindicada até em áreas de risco. Nesses casos, a prevenção se dá com repelente para espantar os mosquitos.
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ALÉRGICOS
Pessoas com alergia a ovo devem consultar um alergista para confirmar se é indicado tomar a vacina da febre amarela.
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VALIDADE
A vacina fracionada, que começará a ser aplicada em fevereiro, no Estado do Rio, desperta algumas dúvidas, mas é eficaz no combate à doença por, no mínimo, oito anos, segundo as pesquisas mais recentes. Para viagens internacionais, porém, é necessário tomar a dose inteira, pois só assim pode-se emitir o certificado internacional. Quem tomou a dose inteira, a qualquer momento, pode ficar tranquilo: está imune à febre amarela pelo resto da vida.
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POSTOS DE SAÚDE QUE ESTÃO APLICANDO A VACINA
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RIO DE JANEIRO
Abolição Rua da Abolição, 303 Luiz Célio Pereira
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Alto da Boa
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Macacos teriam sido envenenados
Por enquanto, não há nenhum caso confirmado de macaco com febre amarela no Estado do Rio. Os corpos dos quatro animais encontrados mortos na segunda, na Tijuca, ainda estão sob análise, mas a indicação é que eles teriam sofrido envenenamento.
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Ontem, dois macacos encontrados mortos numa casa em Petrópolis foram recolhidos por agentes do município.
É bom lembrar que os macacos não transmitem a febre amarela. "São nosso alerta para identificar quando a doença está ativa em uma região", explica o veterinário da Universidade Estácio de Sá, Jeferson Pires.
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