Piscina de Combustível UsadoDivulgação: Eletronuclear

Angra dos Reis - Os sistemas de Proteção Radiológica da usina Angra 2, foram acionados, durante uma tentativa de remoção não autorizada de material da área controlada da unidade. "A ação foi realizada por um trabalhador temporário da parada de manutenção, que portava uma peça metálica da tampa de acesso à câmara primária do gerador de vapor. O objeto usado  seria tratado como rejeito radiativo, e deveria seguir as normas de proteção radiológica da companhia", que no momento não foi feito.  O fato foi registrado na última quarta-feira (27), e de acordo com a Eletronuclear "o sistema de segurança atuou com eficiência, e o procedimento correto foi realizado". Em nota a empresa explica o ocorrido.
"Na ocasião, os alarmes automáticos do primeiro banco de monitoração pessoal ainda dentro da área de contenção - são três no total - foram ativados e os técnicos de proteção radiológica presentes no ponto de controle imediatamente iniciaram a investigação, identificando contaminação radiológica superficial na parte frontal do corpo e nos braços do colaborador. Prontamente os técnicos executaram os procedimentos de descontaminação pessoal, eliminando qualquer risco à saúde do trabalhador e dos demais que estavam no local".

A investigação também identificou que os alarmes foram ativados devido à presença do objeto metálico dentro de uma coletora de lixo presente na sala de descontaminação pessoal, que fica ao lado do banco de portais. Após entrevista com os técnicos de proteção radiológica, foi constatado que a peça havia sido jogada no lixo, depois do acionamento dos alarmes, pelo empregado terceirizado, na tentativa de evitar a constatação da irregularidade.

O profissional temporário foi prontamente advertido com um Relatório de Violação Radiológica e, devido a gravidade, foi desligado da empresa prestadora de serviços contratada para a vigésima parada de manutenção.

A Eletronuclear ressaltou "que todos os dispositivos de Proteção Radiológica e ações previstas em procedimentos impediram a extração indevida do material da usina Angra 2, bem como preservaram a saúde do trabalhador autor da ação e dos demais colaboradores. A peça em questão foi devidamente confinada como rejeito radioativo".

A empresa afirmou que dentro da política de transparência adotada em todas as suas operações, o fato foi comunicado "de imediato à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)".

E posterior fez a publicação do ocorrido em sua página oficial para que a população fosse informada do ocorrido e dos procedimentos adotados para o controle da situação. 
Parada de Angra 2
A usina nuclear Angra 2 chegou a mais de mil atividades dentro do cronograma de paradas realizadas nessa semana (25), 1.214 atividades, dentre as 4.588 previstas. A usina está desconectada do Sistema Interligado Nacional, SIN, sem gerar energia desde o dia 8 de novembro, quando os trabalhos foram iniciados.
A usina passa por "manutenção elétrica, mecânica e instrumentação, além de testes e inspeções em redundâncias de segurança. Os elementos combustíveis utilizados já foram transferidos para a Piscina de Combustível Usado (PUC), que possuiu sistema de resfriamento especial e está localizada dentro dos prédios de segurança", Ainda de acordo com a nota da Eletronuclear, divulgada no início da semana, a parada tem duração de 46 dias e conta com apoio de cerca de 500 empregados e mais 1.200 contratados, incluindo 115 profissionais estrangeiros.
A empresa destacou ainda que " todas as atividades seguem rigorosamente os requisitos de segurança definidos por órgãos reguladores nacionais e internacionais e, portanto, não há qualquer risco aos trabalhadores, à população ou ao meio ambiente".
Acordo de Angra 2 com SBMN no tratamento contra o câncer
A Eletronuclear assinou na tarde dessa quinta-feira(28), na sede da ENBPar, em Brasília, o Memorando de  Entendimento (MoU) com a Sociedade Brasileira de Madicina Nuclear (SBMN), que busca viabilizar a produção de radiofármacos na usina nuclear Angra 2. O acordo é inédito entre as áreas de energia e saúde  do campo nuclear.
Elba Etchebehere ( presidente da SBMN) e Raul Lycurgo ( presidente da Eletronuclear) - Divulgação/Eletronuclear
Elba Etchebehere ( presidente da SBMN) e Raul Lycurgo ( presidente da Eletronuclear)Divulgação/Eletronuclear
 
Com o acordo as duas instituições vão promover estudos de viabilidade para a produção do Lutécio 177, usado no combate a diversos tipos de câncer. " Este processo já foi testado e está na fase de implantação nas usinas de Cernavoda 2, na Romênia, e em Bruce 7, no Canadá. Atualmente por não ser produzido no Brasil, o Lutécio 177, necessita de uma logística completa de importação, ocasionando em altos valores para aquisição - uma dose custa em média R$ 30 mil". Caso os estudos sejam positivos Angra 3, em fase de conclusão, poderá implementar o mesmo processo.
" Nós vamos colocar os cérebros das duas instituições para trabalhar em conjunto e atender a saúde do Brasil e dos brasileiros. Se existe uma possibilidade de adaptar o nosso processo de geração de energia em Angra 2, sem dúvidas vamos fazer" - disse o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que busca ampliar a contribuição do setor nuclear para o país, falou sobre o acordo.
"A assinatura representa uma parceria estratégica entre o setor nuclear e a área de saúde. A colaboração fortalece o desenvolvimento de políticas públicas e pode viabilizar o acesso a novas tecnologias e tratamentos para a população, especialmente, no tratamento do câncer".
A presidente da SBMN, Elba Etchebehere, também celebrou a oportunidade de democratizar o acesso da população e afirmou que, com a assinatura do memorando, a medicina nuclear poderá utilizar de maneira mais eficiente os radioisótopos e radiofármacos. 
" Hoje tudo vem de fora. Se nós pudermos ter aqui no país esse isótopo radioativo que é essencial para o tratamento oncológico, toda população será beneficiada. Hoje menos de 1% dos brasileiros têm acesso a esse tipo de tratamento".
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