Marquinhos de Nicomedes sendo preso Divulgação/PM

Arraial do Cabo - Um funcionário da Prefeitura de Arraial do Cabo, que recebia salário mínimo de R$ 1 mil, servia como “laranja” em um esquema de desvio de verbas públicas que movimentou mais de R$ 3 milhões e meio. O caso foi revelado pela Operação “A Toque de Caixa”, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nesta terça-feira (18).

Marcos Antonio Ferreira do Nazareth, conhecido como Marquinhos de Nicomedes, é apontado como o líder da quadrilha. Ele teria usado Jerry Anderson de Araújo Silva, o “Jerry da Coca-Cola”, como testa de ferro para firmar contratos com a Prefeitura, mesmo Jerry sendo um pedreiro contratado pelo próprio município.
 
Marquinhos de Nicomedes e Jerry Anderson de Araújo Silva - Divulgação/PM
Marquinhos de Nicomedes e Jerry Anderson de Araújo SilvaDivulgação/PM
Duas empresas foram usadas no esquema: a Atlantic Construtora, em nome de Jerry, e a M.A.F. do Nazareth Incorporação e Construtora, de propriedade de Marquinhos. As empresas receberam contratos milionários da Prefeitura, principalmente na área da Saúde, sob a gestão do ex-prefeito Renato Martins Vianna, o “Renatinho Vianna”.

A Atlantic foi criada apenas três meses após o grupo político de Marquinhos assumir o poder na Prefeitura. Em pouco tempo, a empresa já começou a receber verbas do município, com repasses que aumentaram significativamente no último ano de governo de Renatinho Vianna.

A Operação “A Toque de Caixa” apurou que as empresas de Marquinhos de Nicomedes não tinham capacidade técnica para executar as obras contratadas com a Prefeitura. As investigações também revelaram que Marquinhos já esteve preso por tráfico internacional de drogas e possui diversas passagens pela polícia por outros crimes.

Além de Marquinhos e Jerry, outros 17 indivíduos, entre eles ex-secretários de Saúde e políticos locais, foram denunciados no esquema.

Nicomedes foi denunciado e vai responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção, desvio de recursos públicos, crimes da lei de licitações e falsidade ideológica. Ele permanece preso à disposição da Justiça. Jerry da Coca-Cola foi denunciado e vai responder em liberdade por organização criminosa, falsidade ideológica; desvio de recursos públicos; crimes da lei de licitações; corrupção; e lavagem de dinheiro.

Na ação, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Maricá, Itaperuna, São José de Ubá e Juiz de Fora, em Minas Gerais. Ao todo, 19 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público, incluindo o ex-prefeito Renatinho Vianna, o ex-vice-prefeito Sérgio Lopes de Oliveira Carvalho, os ex-secretários de Saúde Antonio Carlos de Oliveira (Kafuru) e Paulo Roberto Trípoli Fontes, o ex-secretário de Obras Francisco de Assis Teixeira Soares e diversos ex-servidores. Além disso, a Justiça decretou a prisão preventiva de Marquinhos de Nicomedes e o sequestro de bens dos investigados.

De acordo com a Polícia Civil, o ex-secretário de Saúde, Antonio Carlos de Oliveira, o Kafuru, foi denunciado e vai responder em liberdade pelos crimes de organização criminosa e por desvio de recursos públicos; já o também ex-secretário de Saúde Paulo Roberto Trípoli Fontes foi denunciado e vai responder em liberdade por organização criminosa; desvio de recursos públicos; por crimes da Lei de Licitações; e por ordenar despesa não autorizada.

A Polícia Civil investiga a participação de outros servidores públicos e a possível existência de outros “laranjas” utilizados na fraude.