Um confronto entre um membro do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE) Lagos e agentes da ROMU, divisão da Guarda Civil MunicipalReproduçãoRede social
Os manifestantes se reuniram às 9h, exigindo o pagamento do 13º salário atrasado para os profissionais da educação e da saúde, além da posse imediata dos concursados. Denominado “Ceia da Miséria – Até o Natal sendo furtado!?”, o ato buscava chamar a atenção para o que consideram descaso com os servidores públicos.
Durante o protesto, um vídeo compartilhado nas redes sociais registrou o momento em que o membro do SEPE discutia com agentes da ROMU. Nas imagens, os guardas alegavam que um deles foi chamado de “nazista” e enfatizam que “estava tudo gravado”. Em meio à discussão acalorada, o sindicalista foi conduzido à força até uma viatura, gerando indignação entre os presentes.
Versão da GM
De acordo com a versão dos agentes, divulgada em um vídeo publicado posteriormente, foi registrado um termo circunstanciado na delegacia, e o membro do SEPE será responsabilizado pela declaração.
No vídeo, Haroldo Bunn, advogado da Associação dos Guardas Municipais de Cabo Frio, afirmou que o termo foi lavrado por desacato durante a manifestação e que a conduta será apurada no devido processo.
“Eu sou advogado da Associação dos Guardas Municipais aqui de Cabo Frio. Estamos aqui na 126ª DP, onde acabamos de realizar o termo circunstanciado por conta do desacato de um cidadão durante agora uma manifestação que estava sendo realizada em frente à prefeitura. Algumas pessoas estavam hostilizando o trabalho dos guardas e uma delas avançou, ultrapassou o limite e desacatou, chamando os guardas da prefeitura de Cabo Frio de guardas nazistas”, declarou no vídeo.
O advogado reforçou que manifestações devem ser realizadas dentro dos limites da lei. “O direito à manifestação é legítimo, mas como todo direito, ele é regulado. […] Chamar o guarda de guarda nazista, guarda fascista, isso é um desacato e vai ser devidamente responsabilizado”, completou.
A equipe da ROMU acompanhou o registro, segundo o advogado, e o ocorrido foi encaminhado para os devidos procedimentos legais.
Sindicato questiona ação da guarda
Denize Alvarenga, coordenadora do SEPE, descreveu o que ocorreu durante o protesto e afirmou que a confusão começou quando os guardas questionaram a presença do grupo na escadaria da prefeitura. Segundo ela, os manifestantes estavam no local para reivindicar o pagamento integral do 13º salário e a posse dos concursados.
Ela explicou que, durante o ato, os agentes tentaram impedir a realização da manifestação nas escadarias, onde o grupo costuma se reunir anualmente. “Os guardas implicaram, disseram que a gente não podia ficar ali nas escadarias da prefeitura como a gente faz todo ano. […] Começaram a tirar as nossas coisas e queriam que a gente retirasse dali. A gente disse que não, que a gente faz ali todo ano, mas retiraram e recolheram o nosso material da ceia da miséria”, relatou.
Denize também mencionou que, ao tentar entrar no prédio onde ocorria a posse dos concursados, foi impedida pelos agentes, enquanto o jornalista do sindicato tentava argumentar sobre ordens injustas.
“O nosso jornalista estava argumentando dizendo para os guardas que nem sempre uma ordem injusta deve ser seguida, a gente tem que refletir sobre as ordens. Ele estava falando sobre isso e, num determinado momento, ele disse que os soldados nazistas também cumpriam ordens. Aí o cara achou (…) que ele tinha dito que ele era nazista. […] O nosso jornalista estava fazendo um contexto histórico, mostrando que historicamente falando as ordens injustas precisam ser negadas”, explicou.
Além disso, ela denunciou ainda que os guardas agiram de forma truculenta, retirando o celular do jornalista e o conduzindo à delegacia com uso de força. “De maneira truculenta, retiraram o celular da mão do nosso jornalista. […] Eles deram um golpe de braço nele, vários socos na costela, e o encaminharam para a delegacia”, afirmou.
Por fim, ela lamentou a postura dos agentes. “É lamentável a truculência, a maneira que a guarda se porta diante de trabalhadores, servidores e sindicatos que estão ali para garantir a posse. A gente queria assistir a posse e estavam impedindo que a gente subisse”, afirmou.
O SEPE avalia entrar na Justiça sobre o caso.
O ato foi convocado na segunda-feira (23) pelo SEPE Lagos, com críticas à administração da prefeita Magdala. O sindicato chamou a atenção para o “abandono” dos servidores públicos e incentivou a participação da população com a frase: “Traga pratos ou panelas vazios, simbolizando a miséria imposta pela atual gestão”.
No mesmo dia, horas após o protesto, o município confirmou a posse dos aprovados e informou que a segunda parcela do 13º salário já estava disponível.
No entanto, Denize Alvarenga ressaltou que muitos servidores receberam valores significativamente inferiores ao esperado. “As pessoas que deveriam receber R$ 2.000 ou R$ 2.500 estão recebendo apenas R$ 300. Isso é inaceitável e desproporcional, não há desconto que justifique esses valores”, afirmou.
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