Parlamentares de oposição alegam que só não convocaram o ex-juiz oficialmente porque governistas garantiram que ele iria por espontânea vontade. "A ausência vai incendiar os debates no plenário. Aprovamos o convite, e não a convocação, porque houve um compromisso prévio de ele comparecer. Agora, inventou essa viagem porque sabe que na Câmara a atenção é maior que no Senado", avalia Paulo Ramos (PDT-RJ). Os deputados Major Vitor Hugo e Felipe Francischini, ambos do PSL, e o próprio Moro anunciaram que a visita será feita na semana que vem. Apesar disso, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), protocolou pedido de convocação para que o ministro esclareça os fatos revelados pelo The Intercept em uma audiência pública conjunta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara .
Depois de alguns dias de tranquilidade, por conta da avaliação positiva de seu depoimento ao Senado, o ministro da Justiça volta a viver dias turbulentos. Ontem, durante jantar promovido pelo site Poder360, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que as mensagens trocadas entre Moro e os procuradores, se comprovada a veracidade, são “graves” e completou: “Se fosse deputado ou senador, estava no Conselho de Ética, cassado ou preso". Ele está longe de ser unanimidade no Congresso, como se vê.
A tática de adiar a ida à Câmara talvez não tenha sido uma boa ideia. Pelos ânimos dos parlamentares, seja lá qual for a nova data do depoimento de Moro (dessa vez, talvez por convocação), o clima deverá estar bem mais quente do que estaria se ele confirmasse a visita nesta quarta-feira.