A eleição presidencial mostrou que ninguém entende mais de comunicação nas redes sociais que o time de Jair Bolsonaro. Ele próprio admitiu que sem a estratégia digital talvez não tivesse subido a rampa do Palácio do Planalto. Mais uma amostra dessa criatividade acontece agora. Preocupados com a limitação que espaços como Facebook, Twitter e outros estão impondo a manifestações políticas, o presidente e seus filhos criaram uma plataforma não oficial para veicular suas mensagens: a TV Bolsonaro. É uma espécie de YouTube sem restrição, abrigado em um aplicativo produzido com tecnologia nacional.
O anúncio da TV digital foi feito através de vídeo espalhado nas redes sociais bolsonaristas, especialmente o WhatsApp. O garoto-propaganda escolhido para anunciar a novidade é o senador Flávio Bolsonaro. "Como muitos de vocês já sabem, o alcance de nossas postagens em redes sociais, como Facebook, por exemplo, está sendo absurdamente restringido", explica. O senador é investigado pelo Ministério Público do Rio desde que relatório do Coaf apontou movimentação de R$ 1,2 milhão nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, entre 2016 e 2017.
Até a manhã deste sábado, a TV Bolsonaro tinha 208 mil seguidores. Na programação, reprises das lives do presidente, reapresentações de trechos de vídeos da TV Brasil e repetições de longuíssimos discursos dos ministros, com destaque para Paulo Guedes. Novos programas serão acrescentados com o tempo.
Como o próprio Flávio diz, a iniciativa tenta superar as limitações que as redes sociais estão impondo. "Eles entregam aquilo que a gente posta para uma parcela muito pequenininha dos nossos seguidores", argumenta, no vídeo de apresentação do canal virtual da família. Essa tem sido uma grande preocupação dos apoiadores do presidente. A mobilização na internet para as manifestações de amanhã, por exemplo, a favor da Lava Jato e de pautas do governo como a Reforma da Previdência e a Lei Anticrime, foi considerada abaixo do esperado. Em outros tempos, o assunto ficaria muitos dias entre os mais comentados do Twitter. Dessa vez, isso aconteceu por raros momentos. (Veja aqui).
Seja como for, com essa nova iniciativa, a equipe de Bolsonaro mostra que quer se manter à frente de seus rivais políticos do centro e da esquerda quando o assunto é comunicação digital. Como se vê, esse deverá continuar a ser um fator decisivo para as próximas eleições, tanto a de 2020, quanto a de 2022.
