Manifestações em apoio ao pacote anticrime, Reforma da Previdência e Lava Jato, em Copacabana  - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Manifestações em apoio ao pacote anticrime, Reforma da Previdência e Lava Jato, em Copacabana Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por Chico Alves
Na visão de vários políticos, não houve vencedores no embate que se desenrolou nas ruas com as manifestações de ontem. De um lado estavam os governistas, que incentivaram a mobilização a favor da Reforma da Previdência, Lei Anticrime e Lava Jato. Do outro, o Congresso e o STF, principais alvos dos manifestantes. Os protestos que ocorreram ontem pelo Brasil não deverão mudar a dinâmica que se verifica hoje na relação entre Executivo e Legislativo, já que os dois lados avaliam que se saíram bem. Ou seja: teria dado empate.

Senadores e deputados comentaram entre si o que acreditam ter sido uma manifestação abaixo do que o governo esperava. E listam seus argumentos: a concentração na Avenida Paulista, que no protesto anterior ocupou sete quarteirões, desta vez só tomou quatro quadras. No Rio, a mobilização na orla de Copacabana foi bastante esparsa, com apenas dois quarteirões de ocupação significativa. Além disso, os organizadores anunciaram que haveria manifestações em 170 cidades e somente em 88 os bolsonaristas atenderam o chamado. E ainda houve desentendimento com os ativistas do MBL (Veja aqui)

Por parte do governo, a interpretação é de que a mobilização foi significativa. Em Brasília houve movimento maior que na última passeata, avaliam os apoiadores de Bolsonaro. O tamanho da multidão no DF motivou até que o general Augusto Heleno, do GSI, saísse de sua posição de autoridade para subir num carro de som e discursar como um ativista. O presidente afirmou no Twitter que as ruas deram aos políticos um recado: "não parem o Brasil, combatam a corrupção, apoiem quem foi legitimamente eleito em 2018."

As visões são divergentes e, em meio a essa guerra de narrativas, o Parlamento volta a funcionar hoje no mesmo clima em que estava na sexta-feira. Congressistas contrariados com a falta de vontade do governo em negociar com os legisladores e com a disposição de Bolsonaro de aprovar na marra tudo o que manda para os congressistas.

Depois da mobilização das ruas e sem sinal de que vá ser amenizada, a queda de braço volta ao lugar de sempre: o Congresso. Agora, talvez com um pouco mais de ressentimento de parte a parte.