Ilustração, Bispo Abner, Caminho da Sabedoria, 14.03
Ilustração, Bispo Abner, Caminho da Sabedoria, 14.03Paulo Márcio
Por Bispo Abner Ferreira
No dia 8 de março, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. E sempre que a data chega, reflexões sobre a figura da mulher entram em voga novamente. Este é um mês festivo, recheado de comemorações e homenagens às mulheres, mas fica impossível ignorar o quanto elas têm sofrido nas diversas esferas da sociedade. É assédio moral, preconceito e discriminação no trabalho. Importunação sexual e furto no transporte. Em casa, além da dupla ou tripla jornada, grande sobrecarga emocional em decorrência dos xingamentos, humilhações e chantagens. Sem falar da violência física.

Na última terça-feira, a Organização Mundial da Saúde revelou que uma a cada quatro mulheres no Brasil já sofreram violência doméstica. De acordo com o relatório divulgado, 23% das mulheres brasileiras entre 15 e 49 anos já foram agredidas física ou sexualmente por seus parceiros em algum momento da vida. A pesquisa revelou ainda que, de um ano pra cá, 6% das brasileiras passaram por, pelo menos, um episódio de agressão.

Como afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao contrário da covid-19, o problema da violência contra a mulher não pode ser vencido com uma vacina. Precisamos de esforços prolongados por parte dos governantes e da sociedade como um todo. No campo jurídico e legislativo, a promulgação da Lei Maria da Penha, criada em 2006, é reconhecida pela ONU como a mais avançada do mundo em relação ao enfrentamento à violência doméstica e familiar. Em 2015, outro passo importante foi dado com a Lei do Feminicídio, que o qualificou como crime hediondo, porém ainda há muito a fazer.

Está evidente que os maiores índices de violência contra a mulher residem no ambiente que deveria ser sinônimo de proteção: o familiar. E não era mesmo para ser assim. Não na visão de Deus. Quando o homem foi criado, Deus viu que não era bom que ele estivesse sozinho e por isso criou a mulher para ser sua companheira. Juntos, eles receberam a ordem de se multiplicar e povoar a terra (Gênesis 1.28). O casamento é uma “ordenança da criação”, não uma ordenança da igreja. Isso significa que o casamento é válido e impõe obrigações para todos.

A família é a unidade básica da sociedade e fundamental em todas as culturas conhecidas. No Artigo 227, a Constituição Federal estabelece as prioridades dessa convivência familiar envolvendo também os filhos. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à Saúde, à alimentação, à Educação, ao lazer, à profissionalização, à Cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

O 40º presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, destacou de onde vêm as grandes mudanças na nação ao despedir-se do cargo: “Deixe-me dar-lhes a lição número um sobre os Estados Unidos: Toda grande mudança nos Estados Unidos começa na mesa de jantar” (Discurso de despedida à nação, 11 de janeiro de 1989).
Uma família estruturada é o campo de treinamento de cidadãos responsáveis que podem causar um impacto permanente na sociedade. A Bíblia não tem o exemplo de uma família humana perfeita, pois as pessoas são imperfeitas e limitadas, e até mesmo grandes personagens da fé lutaram com problemas familiares. No entanto, Deus nos deixou, em sua Palavra, diversas instruções de como fazer da nossa casa, ainda que imperfeita, um “lar doce lar” aconchegante e seguro para retornarmos todos os dias. Aí vai meu conselho para os homens em homenagem a essas grandes mulheres. “Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a Igreja e entregou-se por ela” (Efésios 5.25). Que Deus abençoe ao seu lar!