É a nossa tendência de evitar os medos, a ansiedade ou algum tipo de desgaste. É por isso que é um local confortável onde as pessoas gostam de se aninhar. Ela é sedutora, irresistível, "familiar", mas desastrosa
Por Bispo Abner Ferreira
A zona de conforto está presente em nossas ações e pensamentos corriqueiros, sendo refletida naquilo que se faz ou no que se deixa de fazer. A tendência humana é querer ficar num território onde é possível predizer e controlar os acontecimentos. Embora faça parte de muitas rotinas, esse automatismo pode afetar a felicidade, o bem-estar e o desenvolvimento, sendo prejudicial para a realização de planos, sonhos e objetivos. Não se engane com esse nome. De confortável, esta zona não tem nada!
A origem da palavra conforto vem do latim, cumfortare, e significa aliviar a dor ou a fadiga. A zona de conforto é definida pela Psicologia como uma série de ações, pensamentos e/ou comportamentos que uma pessoa está acostumada a ter e está associada a “um estado prazeroso de harmonia fisiológica, física e psicológica entre o ser humano e o ambiente”. É a nossa tendência de evitar os medos, a ansiedade ou algum tipo de desgaste. É por isso que é um local confortável onde as pessoas gostam de se aninhar. Ela é sedutora, irresistível, “familiar”, mas desastrosa.
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A preguiça, a soberba, o medo e a cegueira são alguns dos principais motivos que empurram uma pessoa para a zona de conforto. E, diferente do que se pensa, sair da zona de conforto não está relacionado a ser irresponsável ou excessivamente ousado. É necessário saber reconhecer e assumir riscos, com disposição para aceitar as consequências caso as coisas não aconteçam como esperado. Quando você se dispõe a sair da sua zona de conforto, você começa a fazer coisas que a maioria das pessoas não fazem.
Quanto mais tempo alguém passa em sua zona de conforto, mais difícil será para deixá-la. E a pior consequência de ficar neste estado letárgico, reativo e confortável é o desperdício do próprio talento, que é um processo de autossabotagem. Apesar da pessoa ter muito potencial, não consegue otimizá-lo nem transformá-lo em performance, como uma mina de diamantes lacrada e inexplorada.
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Na Bíblia temos muitos exemplos de pessoas que saíram de sua zona de conforto e tiveram êxito em suas missões. Abraão, por exemplo, precisou deixar a casa de seus pais para alcançar a promessa de Deus para seus descendentes (Gn 17.1-2). Moisés só libertou o povo Hebreu da escravidão porque deixou o aconchego de Midiã e encarou Faraó (Êx 4.18). Se não tivesse enfrentado os desafios da vida missionária, Paulo jamais teria feito tantos discípulos, fundado igrejas e formado novos obreiros (2 Co 11.23-29). Em apenas 52 dias, Neemias reconstruiu os muros de Jerusalém com a ajuda do povo. Esse verdadeiro milagre só foi possível porque ele deixou o conforto do palácio (Ne 2).
Segundo Einstein, “uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”, e, parafraseando, podemos pensar que uma mente que sai da sua zona de conforto, jamais voltará a se acomodar em sua seguridade. Sair do ambiente cômodo e aparentemente seguro em que estamos, envolve encarar a realidade das incertezas e o grande risco de dar errado. No entanto, isso faz com que você cresça, adquira novas competências e habilidades, além de tornar você uma pessoa mais preparada, resiliente, flexível e adaptável.
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Esse processo fará com que você perceba que pode e merece ir mais longe, pois lagarta que não sai do casulo, não vira borboleta.
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