Por Bispo Abner Ferreira
Na história da Filosofia, existiu um sábio chamado Diógenes de Sínope. Era conhecido como Cínico por aderir a Filosofia do Cinismo, fundada pelo renomado Antístenes de Atenas, que, por sua vez, fora um estimado discípulo de Sócrates. Conforme as lendas que cercam seu nome, Diógenes afirmava que o sentido da vida não estava na posse de bens materiais, por isso permaneceu durante muito tempo perambulando nas ruas de Atenas e vivendo num barril com o mínimo que precisava para sobreviver. Para ele, o pensamento deveria ser não apenas teoria, mas ação cotidiana.
Muitas evidências sobre Diógenes referem-se ao seu comportamento semelhante ao de um cão, e seu elogio às virtudes dos cães. Não sabemos se o filósofo se considerava insultado pelo apelido "canino" e fez dele uma virtude, ou se ele assumiu sozinho a temática do cão para si. Os modernos termos "cínico" e "cinismo" derivam da palavra grega "kynikos", a forma adjetiva de "kynon", que significa "cão". Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente de maneira hipócrita e poderiam ter proveito ao estudar o cão.
Segundo ele, este animal é capaz de realizar as suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, comer qualquer coisa, e não fazer estardalhaço sobre em que lugar vai dormir. Os cães, como qualquer animal, vivem o presente sem ansiedade e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, estes animais aprendem instintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferentemente dos humanos, que enganam e são enganados uns pelos outros, os cães reagem com honestidade frente à verdade. A associação de Diógenes com os cães foi rememorada pelos Coríntios, que erigiram em sua memória um pilar sobre o qual descansa um cão entalhado em mármore de Paros.
Certo dia, os caminhos de Diógenes e o de Alexandre da Macedônia, o Grande, se encontraram. Após triunfar sobre os gregos e entrar em Atenas como conquistador, soube da existência daquele homem muito admirado pelos atenienses; então desejou conhecê-lo. Alexandre conheceu Diógenes enquanto este, assentado ao chão, tomava sol. Entusiasmado, o imperador apressou-se em lhe dizer: "Sou Alexandre, aquele que conquistou todas as terras. Peça-me o que quiser que eu lhe darei. Palácios, terras, honrarias, escravos ou tesouros jamais vistos. O que você quer, ó Sábio?". Diógenes levantou os olhos e respondeu: "Senhor, apenas não tire de mim o que não podes me dar".
Quando ele percebeu que estava posicionado entre Diógenes e o sol, Alexandre entendeu a profundidade do que havia escutado e se retirou dali. Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes".
Existem várias frases que traduzem o pensamento de Diógenes, vou destacar duas. Primeira: "A sabedoria serve de freio à juventude, de consolação à velhice, de riqueza aos pobres e de ornamento aos ricos". Segunda: "Qual o melhor momento para o jantar? 'Se alguém é rico, come quando quiser, se é pobre, quando puder'". Os principais ideais do filósofo eram que os prazeres da terra enfraqueciam o corpo e a alma. Ele acreditava que a felicidade deveria vir de dentro do homem e não do seu exterior.
De igual modo, a Bíblia nos ensina que as riquezas espirituais são muito mais importantes que as riquezas materiais. Não é sobre ter riquezas, é sobre não apegar-se a elas. Em Provérbios 23.4,5 diz o seguinte: "Não esgote suas forças tentando ficar rico; tenha bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas e voam como águias pelo céu". Deus te abençoe!
Você pode gostar
Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.