Cesário Melantonio NetoDivulgação

O Brasil ficou mais pobre. Os números confirmam o que salta aos olhos nas ruas dos grandes centros urbanos brasileiros com o aumento expressivo de pessoas vivendo nas ruas e sem teto e sem assistência social de qualquer espécie abandonados pelo Estado e pela sociedade. É uma situação totalmente diversa da vivida pelo país no início dos anos 2000, quando 29 milhões de pessoas emergiram das classes D e E para a classe C.
Esse avanço registrado entre 2003 e 2009 se perdeu nos anos posteriores e, em particular, nos últimos três anos. Hoje o Brasil se encontra em uma situação dramática do ponto de vista de empobrecimento de sua população. Um contingente de 68 milhões de brasileiros depende do auxílio emergencial para sobreviver no dia a dia.
Neste contexto de desemprego e baixo crescimento econômico que marcará 2022, esse pequeno auxílio é necessário para evitar que o Brasil chegue perto de um quadro de convulsão social este ano. A insensibilidade social do grupo instalado no Planalto do nos obriga a começar a pensar em formas mais firmes e duradouras para reverter esse quadro de convulsão social iminente a curto prazo.
Hoje há cerca de 20 milhões de pessoas que convivem cotidianamente com a fome e mais de 230 mil, número de 2020, vivem em situação de rua no Brasil, um aumento de 145% em três anos. Por trás desse enorme contingente de miseráveis em situação de extrema pobreza estão problemas de Saúde, Educação, saneamento e moradia.
O orçamento da União aprovado para este ano reduz os recursos destinados exatamente a essas quatro áreas. Com uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto próxima a zero, este ano, essa conjuntura não poderá ser modificada a curto prazo.
A sociedade brasileira precisa cobrar do governo, em todos os níveis, medidas para barrar esse empobrecimento crescente do Brasil. Com tanta gente alijada do processo de crescimento econômico e social, o Brasil fica estagnado - como está este ano - enquanto vê outros países avançarem no processo de desenvolvimento econômico e social.
É necessário e urgente buscar formas de garantir empregos seguros e renda para essa parcela pobre da nossa população. Em caso contrário, vamos chegar a 2023 com os problemas ainda mais agravados. Isso exigirá mais gasto orçamentário e horas de trabalho para remediar esse desafio social que só será resolvido ou atenuado caso a sociedade, e aí estão empresas e organizações, perceba que a redução de miséria é fato fundamental no processo de desenvolvimento econômico.
De nada adianta anunciar o ingresso no Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) se não lutarmos contra a pobreza e a corrupção. A OCDE colocou como condições para o ingresso a proteção efetiva do meio ambiente e o compromisso com a questão climática.
Os valores da entidade, segundo o seu secretário-geral, Mathias Cormann, incluem a preservação da liberdade individual, a manutenção do processo democrático, o Estado de Direito, a proteção dos direitos humanos e das minorias, a exemplo da Organização Europeia de Direito Público.
No atual estágio, estamos muito longe de respeitar esses princípios básicos de civilização e em algumas áreas, estamos mais próximos da barbárie, como é o caso da luta contra a miséria, tarefa considerada secundária pelo grupo instalado no momento no Planalto.
Cesário Melantonio Neto