Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay
Antonio Carlos de Almeida Castro, o KakayCarlos Humberto/STF
Por Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay
É humanamente impossível escrever uma crônica diária sobre o Brasil. O realismo fantástico tem que se adaptar para acompanhar o grau de fantasia da realidade. O inimaginável ocupa contornos de real e fragmentos dos sonhos parecem se materializar. Os sonhos se rendem a pesadelos macabros.
Enquanto o Brasil se firma no primeiro lugar em número de mortos na pandemia, o governo fascista e genocida insiste em criar hipóteses de golpes institucionais, de fake news, para desviar o foco da tragédia sanitária. O número de óbitos por covid nas últimas 24 horas nos 11 países onde mais morreram pessoas assusta: 3.780 mortos no Brasil, 3662 nos outros dez.
Publicidade
É estarrecedor! A falta de um enfrentamento científico, o desprezo à Ciência, o culto à morte, a falta de empatia, a gestão criminosa da crise nos levaram ao fundo do poço.
E, enquanto choramos nossos mortos e tentamos nos solidarizar com o povo brasileiro na tragédia que nos domina, ainda é necessário enfrentar e dissecar a aguda crise política no momento dramático. O ministro da Defesa é demitido, assim como os chefes militares das Forças Armadas. E isso vindo de um capitão golpista que foi expulso do Exército. Uma crise que só não se torna fatal pela seriedade e pelo espírito democrático e patriótico dos comandantes militares. Mais uma vez o irresponsável do capitão que ocupa a Presidência tenta fragilizar as instituições com o intuito de assumir um poder despótico e tirano.
Publicidade
Numa outra tentativa de golpe branco, como a que foi intentada na subleitura fascista do Artigo 142 da CF, ao dizer que as Forças Armadas eram o poder moderador, o líder do PSL tenta emplacar um projeto de lei dando a Bolsonaro poderes de assumir o lado ditatorial com o autoritarismo absoluto.
A tentativa de ter o controle pleno dos servidores civis e militares, inclusive dos policiais, aponta o rumo da nova investida de quebra da institucionalidade. A já conhecida opção de capturar as polícias militares nos estados é uma das sementes do golpe.
Publicidade
Não podemos esquecer que os comandantes das Forças Armadas que foram substituídos tiveram a honradez e o espírito público de não aceitar serem misturados com a milícia e os grupos de extermínio. Se essa união tivesse ocorrido, o Brasil deixaria de ser uma democracia e veria instalada a barbárie institucionalizada como projeto de poder.
Ao mesmo tempo o braço fascista na Câmara se revela na presidente da CCJ, a deputada Bia Kicis, que ousa disseminar fake news sobre a morte de um PM na Bahia e incitar um motim da Polícia Militar. Se o Congresso Nacional se desse ao respeito, ela seria cassada pelo Conselho de Ética.
Publicidade
Vamos canalizar todas nossas energias para viabilizar as vacinas. Como prioridade absoluta, como regra, como mantra. Vamos insistir naquilo que foi negado pelo capitão cultor da morte e priorizar as máscaras e o isolamento social.
E, em silenciosa homenagem a todos os que sofrem neste momento na solidão dos corredores, dos quartos ou das UTIs dos hospitais, vamos nos unir em pensamento e, os que acreditam, em oração. Todos nós já perdemos alguém querido ou estamos com uma pessoa amada sofrendo sem ar, sem esperança, sem um abraço ou um afago amigo. Vamos nos prometer resistir para enfrentar o vírus, priorizando a vida. Mas, depois, vamos estar atentos para o enfrentamento do verme.
Publicidade
Ninguém pode nos tirar o direito de representar nossa dor, nossa indignação, nossos mortos contra esse governo fascista e assassino. Que a densa nuvem que hoje sufoca os que estão infectados pela irresponsabilidade criminosa da falta de vacina se torne ainda mais impenetrável quando chegar a hora do enfrentamento com os bárbaros. Homenageando Ulysses Guimarães, “Traidor da Constituição é traidor da pátria. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.”