Fred Luz fala da entrada dele na politica e do momento do Rio de Janeiro - Daniel Castelo Branco / Agencia O Dia
Fred Luz fala da entrada dele na politica e do momento do Rio de JaneiroDaniel Castelo Branco / Agencia O Dia
Por O Dia

Uma bagunça generalizada. Assim o pré-candidato do Partido Novo à prefeitura do Rio, Fred Luz, de 66 anos, enxerga a cidade hoje. Engenheiro e empresário, nascido em Todos os Santos (Zona Norte) andou muito até ingressar na política, em 2017. "É preciso acabar com essa bagunça. O Rio precisa ter um choque de gestão, que significa não ter cabide de empregos, ter pessoas qualificadas, transparência, tolerância zero com a corrupção, afirma. Ex-CEO do Flamengo, Fred destaca também a preocupação da sua legenda com a situação a água que abastece o Rio. "O contrato que existe entre Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro)e a prefeitura do Rio não é um contrato. O que existe é um Termo de Reconhecimento Recíproco de Direitos e obrigações entre o Estado e o Município. O Partido Novo está estudando uma ação para derrubar esse acordo que existe hoje". Confira abaixo outros trechos da entrevista.

ODIA: Como se de deu a entrada do senhor na política?
Fred: Eu trabalhei no Flamengo de 2013 a 2017, e até comparo o clube com o Rio. Uma marca de um potencial enorme, mas muito degradada. O Rio de Janeiro é meio isso. No Flamengo, nós fizemos o equilíbrio financeiro e acertamos as contas. O isso possibilitou ao clube capacidade para mostrar a exuberância de hoje. Mas na paralela vem a frustração com o que temos em termos de cidade e país. Foi aí que fui mordido pela ideia de tentar fazer alguma coisa politicamente. Fui buscar informação e acabei conhecendo o Partido Novo com o qual me identifiquei. Um partido que não aceita toma lá dá cá, que é contra corrupção e privilégios.

Na opinião do senhor, o que há de novo no Partido Novo?
São três coisas que somente ele (Partido Novo) pratica. A primeira é não usar o dinheiro público para financiar campanha e partido. A segunda coisa é que eu fui diretor partidário e quando decidi entrar no processo seletivo para me tornar candidato, a primeira coisa que fiz foi sair da estrutura partidária. E o terceiro é o processo seletivo, isso significa que o Novo não consegue apresentar como candidato para a população alguém que não tenha o mínimo de qualificação para assumir aquele cargo.

Como é o processo seletivo para pleitear uma candidatura?
É realizado em três etapas. A primeira etapa é onde você responde um questionário e apresenta seu histórico de quem é você e sua vida. Tem uma análise prévia que é feita pelo diretório municipal e estadual. A segunda etapa, tiveram dois grupos de cidades, para as cidades mais importantes, eles contrataram uma empresa externa para fazer uma avaliação do candidato, teve entrevistas, questionários, foram investigar a vida do candidato, as entregas, conversar com pessoas que trabalharam com o candidato. Depois você é entrevistado por pessoas do quadro partidário.

Como senhor vê o Rio de Janeiro hoje?
Eu vejo é uma bagunça que precisa acabar. O Rio precisa ter um choque de gestão, que significa não ter cabide de empregos, ter pessoas qualificadas, transparência, tolerância zero com a corrupção, não permitir ter pessoas nem que roubam mas fazem e muito menos as que não fazem. O carioca precisa prestar atenção nisso. Eu vejo uma bagunça na educação, na saúde, nas ruas, no ordenamento público, na água que nós bebemos, no esgotamento sanitário. É generalizado. Vejo muito cabide de empregos, ao invés de ter pessoas capacitadas para desempenharem suas funções. É preciso acabar com essa bagunça.

Mas o senhor acredita ser possível organizar uma cidade tão grande e com tantos problemas?
Claro que sim. Primeira coisa de qualquer organização é olhar as contas. Tem que ver o que é capaz de ter de receita, realisticamente, não igual tem sido feito hoje que superestimam a receita para poder justificar as despesas. Outra coisa é que é preciso ter as pessoas capacitadas nos lugares certos. Não vai se resolver tudo da noite para o dia, mas tem que começar, começa fazendo direito, tem que focar em fazer a saúde funcionar e garantir que as crianças aos seis anos estejam alfabetizadas. Isso é essencial. Facilitar a vida do pequeno e do microempreendedor, para gerar mais emprego, para voltar a atrair turistas. Tem que valorizar os ativos da cidade, fazer o turista se sentir bem, para as empresas quererem ficar aqui. E ter a segurança pública como uma das principais prioridades.

O Rio tem vivido uma situação crítica em relação a água. Qual a análise do senhor sobre essa questão?
A questão do saneamento é com a Cedae e ela não pertence ao município. Mas na verdade não é isso. A cidade do Rio de Janeiro é a responsável pela constituição por fornecer o serviço de saneamento, que inclui água, esgoto, lixo e drenagem, as águas pluviais. Mas o contrato que existe entre Cedae e a prefeitura do Rio não é um contrato. Ele foi firmado em 2007, com vigência de 50 anos, e não é um contrato, ele é um Termo de Reconhecimento Recíproco de Direitos e obrigações entre o Estado e o Município.Quais são as obrigações que estão estabelecidas para a Cedae pelo que ela recebe? Eles não estão claros. Por exemplo, temos esse problema com a água agora. Eu já paguei a água. E tenho que comprar água mineral? E quem paga? Quando você compra uma mercadoria e ela não agrada, o que você faz? Devolve. Ou pega o dinheiro de volta. No caso da água, cadê o dinheiro do contribuinte de volta? Qual a multa para o caso de a água entregue na casa das pessoas não estar em boa qualidade? E se não fizer o esgotamento? E se não fizer?

Diante desse quadro, o que é possível fazer?
O município do Rio de Janeiro tem o direito de destruir esse contrato, que não é contrato. Porque esse termo assinado lá em 2007 não foi aprovado pela câmara de vereadores. É um vínculo muito frágil. E 77% do dinheiro que entra na Cedae vem do pagamento dos cidadãos do Rio. O prefeito, que é o síndico, deveria estar querendo derrubar esse vínculo. Queremos derrubar esse termo que existe hoje e fazer um contrato que seja compatível com a legislação brasileira. O que existe hoje é muito desfavorável para a cidade. Ele não estabelece responsabilidades. O Partido Novo está estudando uma ação para derrubar esse contrato que existe hoje. E os juristas dizem que tem muita chance de derrubar. E aí fazer um novo, estabelecendo as obrigações.

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