O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB)Divulgação / Prefeitura de Angra dos Reis

Reeleito em 2020 para comandar Angra dos Reis pela quarta vez, Fernando Jordão (MDB) brinca que, quando terminar o ciclo atual, com 72 anos de idade "só" vai querer outros dez mandatos. Ex-deputado federal, o prefeito foi colega de bancada do presidente Jair Bolsonaro em Brasília, de quem se aproximou. Ele defende a matriz energética nuclear, e a conclusão de Angra 3, com previsão de começar a funcionar no fim de 2022. Jordão não foge da polêmica da concessão da Rio-Santos, que prevê a instalação de praças de pedágio em Paraty, Mangaratiba e Itaguaí: "Outro dia demorei oito horas entre Rio e Angra: esse é o pedágio caro".
O DIA: Como o senhor compara a gestão deste primeiro ano com a de 2017?
JORDÃO: Tivemos um ano e meio muito difícil por causa da Covid, mas a prefeitura não parou. Inclusive, a primeira parceria público-privada na B3 em São Paulo foi de Angra, no meio da pandemia. Conseguimos um deságio de quase 50% para trocar a iluminação pública por LED. A pandemia atrapalhou, mas não interrompemos nenhum planejamento. Na Educação, lançamos um cartão-educação para os alunos poderem comprar o material escolar em qualquer lugar, desde que seja em Angra. Se fizéssemos um pregão, havia concorrentes do Brasil inteiro. Com o cartão, vamos fortalecer o comércio local.
Os custos não serão mais altos?
Não, porque os estabelecimentos que se cadastrarem terão que limitar os preços à tabela do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e, a partir daí, oferecer descontos. Vamos injetar R$ 20 milhões na economia local. Estamos trabalhando para ter um dos maiores índices Ideb do Brasil.
Angra programou grandes shows para esta época. As apresentações estão mesmo confirmadas?
A programação está mantida: não há pacientes de Covid-19 no centro de referência. Em vez de mecanismos de controle — que seriam ineficientes, já que as pessoas chegam de barco —, faremos campanhas de conscientização, para apenas os vacinados comparecerem. Agora, se for preciso, não tenho a mínima arrogância de não voltar atrás. O que não dá é os hotéis oferecerem eventos fechados e a população que não pode pagar ficar privada.
Quais as expectativas para a conclusão de Angra 3?
Apesar de os ambientalistas terem restrições, eu, que sou engenheiro, sempre defendi a matriz nuclear. Não sou a favor de Angra 4, mas precisamos de Angra 3. É dinheiro público investido, que não pode ser desperdiçado. Não podemos contar apenas com a geração das hidrelétricas, também é preciso termos fontes alternativas. Tenho painéis solares em casa.
O projeto de municipalizar a APA de Tamoios é polêmico. A cidade tem condições de cuidar sozinha da área?
Sabem quantos funcionários o estado tem para tomar conta? Um. Queremos preservar a área, mas precisamos resolver gargalos e compatibilizar o projeto com o desenvolvimento econômico. Se as leis ambientais são engessadas, estimulam o crescimento desordenado. Onde não pode nada, o que pode é a invasão. O estado não tem dinheiro para cuidar das APAs e parques; precisamos replicar o modelo das Cataratas do Iguaçu, atualmente sob gestão privada. O estado tem que ter dinheiro para coisas básicas e essenciais, como Educação e Saúde.
Quais as outras alternativas de desenvolvimento econômico da Costa Verde além do turismo?
Estamos trabalhando para que o nosso porto seja multiuso, servindo como base de offshore, além de importação e exportação de produtos. Prospectamos uma parceria com Varginha, no sul de Minas Gerais, para escoarmos a produção. Também lutamos pela recuperação da linha férrea de Barra Mansa, para transportar turistas e cargas.
A concessão da BR-101 prevê a instalação de praças de pedágio. Como o senhor vê essa mudança?
Tem que pagar o pedágio sim, pois é a única maneira de fazer a estrada corretamente. Outro dia demorei oito horas entre Rio e Angra: esse é o pedágio caro, com ambulâncias e viaturas paradas. O modelo de concessão foi inteligente, diminuindo os trechos a serem duplicados para baratear a tarifa. Quem não quer pagar fica em casa.
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